quarta-feira, dezembro 28, 2005

O filme que não quero para mim

Quero mesmo falar do meu Natal e do Natal de toda a gente. Mas antes não resisto. Vamos a sentar, meus senhores e minhas senhoras, porque o filme merece. Se não tivessem de ler a cena que me preparo para descrever, até vos pedia que fechassem bem os olhos para que a pudessem imaginar melhor.

Estou na secção de roupa interior masculina, num qualquer hipermercado nos arrabaldes de Lisboa. Sinto-me uma grua, arrastando penosa mas ligeiramente o carrinho de compras. Vejo-me na obrigação de desbravar caminho por entre um grupo de cavalheiros que resolveram entupir a circulação num raio de cinco metros, e estariam certamente à espera que lhes pedisse, por favor, para me deixarem passar - não o faço. Há qualquer coisa de comum naquelas fisionomias. Sim, são obviamente familiares em alegre passeio excursionista. Quando consigo finalmente vislumbrar uns boxers pendurados, tenho ainda de reclamar terreno à matriarca do grupo que, muito senhora do seu papel, debita ali mesmo a tese da "Boa Cueca", aos gritos, como se fosse ela própria candidata às próximas presidenciais, na tentativa de persuadir o eleitorado - no caso, o filhinho de trinta e tal anos, que acena que sim com a cabecita, qual cachorrinho dependurado do pára-brisas de um 2 cavalos. Eloquente, vai bradando:

- Vês? Estas é que são boas!

- Mas esse tamahno é grande...Depois alargam muito- arrisca o desgraçadito a medo.

- Isso do tamanho é como quiseres. É pormenor- condescende ela.

- Mas são feias- desdenhava ele do padrão Picasso em tons de La Prada.

- Ó filho, isso não interessa! Não é para ninguém ver! É só para ti!

Oração do dia:

Senhor, ajuda-me a escapar à ingenuidade quando a minha filha crescer.
Senhor, ajuda-me a aceitar que ela cresceu.
Senhor, dá-me coragem para a ir libertando.
Senhor, faz-me cair uma telha sobre a cabeça, se não entender um dia que a roupa interior dela não é da minha conta, embora este já não seja um assunto que só a ela diz respeito.

Anacronismo descarado

FELIZ NATAL!!!

Justificação de faltas

O 1º período, este ano lectivo, terminou da seguinte forma: alvorada às 6h00 da madrugada, para fazer o almoço à miúda, porque o estupor do grilo que me usurpou a consciência não permite que ela fique com a comidinha da creche. Saída de casa às 7h30 da manhã, sem ver a minha filha – não fosse ela acordar e comprometer o duche do pai daí a dez minutos. Regresso a casa às 8h00 da noite, ainda a tempo de a ver fechar os olhos antes de ir para a cama....

Justificam-me as faltas assim mesmo, ou não dispensam o atestado médico?

Nota absolutamente a propósito: ODEIO A SENHORA MINISTRA!!!!!

Schhhhhhhhhhhhhhhui...

Deixa-me cá entrar de mansinho, acariciando as teclas sem grande alarido, a ver se ninguém repara nesta desavergonhada que nunca mais passou cartão à malta, nem sequer pelo Natal... Com um pouquinho de sorte ainda consigo editar e publicar o próximo post sem que tenham tempo de comentar este, para poder dizer: “Já cá voltei há imenso tempo, vocês é que não repararam!...”

quinta-feira, dezembro 08, 2005

39.7 Cº

Sempre disse que morreria se algum dia visse semelhante combinação de algarismos no display do termómetro dela. Não morri. Reagi. Insisti e confiei na sua capacidade de recuperação sem antibióticos, eu e o pediatra. Ganhámos a aposta. Ela ganhou uma guerra que me pareceu bem mais longa que a dos 100 anos. Boa, miúda!

terça-feira, novembro 29, 2005

Luka

My name is Luka
I live on the second floor
I live upstairs from you
Yes I think you've seen me before
If you hear something late at night
Some kind of trouble, some kind of fight
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
I think it's because I'm clumsy
I try not to talk too loud
Maybe it's because I'm crazy
I try not to act too proud
They only hit until you cry
And after that you don't ask why
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
Yes I think I'm okay
I walked into the door again
Well, if you ask that's what I'll say
And it's not your business anyway
I guess I'd like to be alone
With nothing broken, nothing thrown
Just don't ask me how I am
Just don't ask me how I am
Just don't ask me how I am
Também eu sou vizinha de Luka... e quando hoje de manhã passava à sua porta, vi um enfeite de Natal pendurado. Aquilo quer dizer o quê?!

SOBREVIVI!

Palavra! É mesmo verdade! Não sei até quando vou topar com impressões digitais marcadas a chocolate nos cantinhos mais recônditos da casa, não sei por quanto tempo vou sentir os brinquedos dela pegajosos, não sei em que buraco mais se pode esconder uma bolinha de esferovite... mas a verdade é que ainda ando por cá para me queixar! Magnífico! Impressionante! Inacreditável!
O paradoxo é curioso: tudo tão trivial e tão marcante. O vestidinho de princesa, com os sapatinhos a condizer; o bolo de aniversário com o nome dela e a velinha para a mãe apagar; os "Parabéns" cantados em multíssono, com a mãe de lágrima ameaçadora a espreitar; o pai de máquina fotográfica em riste pronta a disparar naquele momento da praxe, que acabava por escapar; os estoiros que se multiplicavam em número estranhamente superior ao dos balões... e, claro, os presentes, que primaram pela variedade. Senão vejamos: A avó J. optou por um brinquedo. O avô J. foi para algo completamente diferente: um brinquedo. A tia N. resolveu inovar e foi para a solução menos óbvia: um brinquedo. O primo F. é que se destacou pela originalidade e surpreendeu com.. um brinquedo. A prima M. lá destoou do conjunto e, para variar, trouxe... um brinquedo. A tia I. e o tio A., definitivamente à margem da tendência geral, ofereceram-lhe um cãozinho... daqueles de brincar, pois. Posto isto, é bom de ver como foi que a nossa Pirralhita terminou o dia... a brincar... com... a tomada da parede, o cabo do aquecedor, a toalha de mesa, os botões da aparelhagem, as revistas da mãe, o teclado do pai... Como foi que disse? Chicco? Quê? Não entendi... Repita, por favor. Ah! Philips? Sim! Conheço perfeitamente!

Tanto açúcar!

O provérbio popular "Quem meus filhos beija minha boca adoça" nunca fez tanto sentido... Com tanta gente a felicitar a minha ESTRELA, sinto-me à beirinha da hiperglicemia. Obrigada pela doçura das palavras. A Rita também já agradeceu com aquele sorriso...

sábado, novembro 26, 2005

26.11.2004 18h04

Novembro seco. Ainda assim não me surpreendeu a chuva que caiu quando nasceste. O fenómeno explica-se em cinco palavras: tu fizeste sombra ao sol. Intimidaste-o com a tua luz, enfraqueceste-lhe o brilho, quase o apagaste. Baralhaste o sistema, o solar. Tomaste o lugar da Estrela e tudo passou a girar em teu redor. Foi por isso que choveu. Foi por isso que passei a depender de ti, embora possa parecer o contrário. Pari, portanto, uma ESTRELA. Pari, não. Vou parindo. Mantenho-me em trabalho de parto. As contracções sucedem-se ritmicamente, convertidas em unhas partidas, mãos calejadas, olhos pesados de sono... E a cada intervalo, repetem-se os suspiros de alívio, os sorrisos comovidos, a urgência de te fazer brotar. Mantenho-me em trabalho de parto, até parir finalmente uma mulher – livre, independente, emancipada, solidária, altruísta, de bem com o céu e com a terra. Vou assim entregando-te ao mundo, sem te poder reter dentro de mim, porque ninguém trava um parto e este começou exactamente há um ano. Foi tão bom ver-te aparecer! Olá, Rita! Parabéns!
Mãe

terça-feira, novembro 22, 2005

Quem explica?

A minha melhor aluna, a Português, é romena...

Transe

É mesmo verdade que sobrevivemos à festa de primeiro aniversário de um filho?!

sexta-feira, novembro 18, 2005

Muito amor é...

Depois do jantar:
- Toma! Hoje não mos deram... Roubei para ti!

quinta-feira, novembro 17, 2005

Amor é...

... Darem-lhe um bombom que ele escondeu no bolso para que lhe dessem outro, na esperança de os poder partilhar comigo, à noite, em casa.
O bombom era óptimo, mas foi mais doce ainda o gesto que o chocolate.

terça-feira, novembro 15, 2005

Viagem interplanetária

O inverso de arma branca é arma preta. O contrário de arma de fogo é arma de água.
Palavra que estava a anos-luz desta resplandecente conclusão! Ainda bem que os meus alunos são estrelas que me iluminam o entendimento...

quinta-feira, novembro 10, 2005

Alguém viu a minha cigana?

A Pirralhita nasceu há quase um ano. A comemoração da efeméride está para breve e à medida que os dias passam vou fazendo regressões no tempo até há um ano atrás. Foram dias de uma ansiedade desmedida, paralisante. Havia muito para fazer, sentia que nada estava definitivamente em ordem para o grande dia, mas o estado de tensão em que me encontrava deixava-me estática, como se o meu subconsciente repetisse constantemente: "Espera! Agora não posso! Ela vai nascer!" A imagem que mais fielmente traduz o meu estado de alma na altura é a de uma festa grandiosa que vamos dar em nossa casa, com os convidados a chegar, a campainha já soou uma vez e de repente pomos os olhos no chão e vemos gigantescos rolos de pó em circulação. O dilema impõe-se: abro a porta ou pego rapidamente no swiffer? Pois bem, nos dias que antecederam o meu parto, paralisei de ansiedade: fiquei incapaz de pegar no swiffer, porque achava que a todo o momento tinha uma das visitas diante de mim, e ao mesmo tempo tinha a sensação de que os convidados haviam de ter tomado por engano o elevador até ao 11º andar e nunca mais chegavam à minha porta - a R. não nascia e eu mantinha-me refém da expectativa, incapaz de agir.
Mas isto foi exactamente há um ano atrás. O que recordei hoje, aos saltos no tempo, foi o período de internamento hospitalar pós-parto. Voltei a comover-me recordando a minha cigana. Éramos sete na enfermaria. Quando cheguei vinda do recobro ainda só estávamos cinco. Num estado de dolorosa imobilidade, atirei ao ar a pergunta: "Será que posso levantar a cabeceira a esta cama?". Uma mãe disse-me que era só girar a manivela que estava aos pés. "Só". Como se eu pudesse sequer soprar um fósforo! Então, uma mãe cigana que me observava do extremo oposto disse-me muito prontamente que me ajudava. Mais: fez questão de dar ela à manivela, sem que eu me mexesse. De barriga ainda redonda, suportou portanto o peso da cama e o meu. Vendo depois o estado de desamparo em que me encontrava, fez questão de me ensinar como podia pôr os meus 3,440 kg de gente a mamar. Antes de regressar à sua cama, ainda me disse que a minha filha era linda.
Enquanto escrevo choro, com saudades da minha cigana de ar invulgar, loura de olhos verde-felino. Nem o nome soube. Alguém viu a minha cigana? Queria mesmo dar-lhe um beijo...

segunda-feira, novembro 07, 2005

Carta aberta

Caríssimo Nicolau,

Foi preciso chegar aos 33 para me atrever a escrever-te. Correm tempos tão difíceis, que dou por mim a apelar àquilo em que nunca acreditei. Desculpa-me a abertura de espírito, mas é mesmo assim... Encontro-me naquela fase descendente, semelhante à do manco que, depois de esgotadas todas as especialidades médicas, termina no endireita. Pois é... por analogia, a mim resta-me o Pai Natal.

Cá vai a lista, por ordem decrescente de importância:
  • Mais um ano sem antibióticos para a nossa Pirralhita;
  • Um computador portátil;
  • Um leitor de mp3;
  • O livro Peter Pan, com as magníficas ilustrações da Paula Rego. Este, para não haver confusões:

  • Uns sapatinhos daqueles que se usam agora, de biqueira redondinha, que devem disfarçar tão bem o meu pé 41... Até vai parecer 36, estou mesmo a ver...
  • Uma bicicleta estática, a ver se torno menos estáticos estes malditos 4 Kg!

Vá lá, Nico! Se me deres um destes presentes que seja, passo a acreditar em ti.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Mamiferizar é preciso!

Oposição porque sim

- R., diz mamã!
- Papá...
- R., diz papá!
- Mamã...
- R., diz adeus!
- Ouá (olá)!...
- R., diz olá!
- Dedeu (adeus)!...
De tal forma que já começámos a pedir o contrário do que queremos ouvir... Os genes e o génio paternos têm qualquer coisa a ver com isto... Ai têm, têm!...

quarta-feira, novembro 02, 2005

Pelo buraco da fechadura

- Posso dar-te um beijo no pescoço?
- Não! Por favor!
- Oh...
- Tu sabes: só à revelia. Para que pedes? Assim não aguento...
Isto porque não faz sentido nenhum convidar alguém para uma sessão de cócegas. É giro, sim. Mas não admite convite. Poderia alguém responder: "Sim, quero que me mates a rir."? Mata-me, sim. Vou gostar. Mas não avises.

terça-feira, novembro 01, 2005

Estatística

Ela tem 11 meses. Ela tem 12 livros. Feitas as contas, isto corresponde a 1,09 livros por cada mês de vida. Transferidas as contas, se eu tivesse 1,09 livros por cada mês de vida, teria 436 livros, o que não anda muito longe da verdade... Sim, porque eu sou eu há 400 meses!

Feriado?

Não dei por nada...

quinta-feira, outubro 27, 2005

Como uma ervilha

Assim pequeno. Insignificante o lapso de ontem à noite.
Abri o pacote dos calamares, espalhei-os pelo pirex e despachei-os para dentro do forno. Só faltava o arroz. De ervilhas parecia-me bem e até já tinha saudades. Cebola picadinha, uma colherinha de sal, um dente de alho migado,um fio de azeite e os inevitáveis coentros. Vai tudo a lume brando até estar pronto para receber as ervilhas. Depois só faltava a água a ferver e o arroz no fim.
Ficou bom. Só me esqueci das ervilhas.

segunda-feira, outubro 24, 2005

OK... KO

Tudo de volta à normalidade. Até à próxima maleita. O virus que tão amavelmente nos visitou não foi propriamente demolidor, muito pelo contrário.
Como já vem sendo hábito, a Pirralhita foi a que mais facilmente deu conta da situação: em dois dias encostou a virose às cordas e bateu-a por knockout ali mesmo, ao primeiro assalto. A mãe, como não tem tempo para estar doente, abandonou o ring e deixou o virus a falar sozinho, com o aviso: "Agora não posso. Quando puder, volto para me dares um murro"... e lá se esqueceu que até já tinha apanhado uma murraça bem assente. O pai é que foi pior... A partida vai já no segundo assalto e o árbitro está neste preciso momento a contar até 10. Nããã!... Não tem hipótese! Foi desta. O bicho nunca mais se levanta. Ora aí está! Pai de braços no ar! Ganhou! Grita a multidão (a mãe e a filha) em êxtase: "Pai! Pai! Pai!"
Até à próxima.
NOTA: A imagem do pugilismo não vem ao acaso. Para quem quiser conhecer a sensação de estar com uma virose gástrica, sugiro que se imaginem a apanhar um valente soco no estômago a cada 20 minutos. Que tal?

quarta-feira, outubro 19, 2005

Não empurrem que há para todos!

Pois é... a celebérrima, badaladíssima, hiperfamosa, muito "in" virose gástrica chegou cá a casa.

terça-feira, outubro 18, 2005

Retrato à la minuta

Sonho da vida dela: Arrancar, um por um, os botões de toda a roupa que tem;

Frustração suprema: Se o frasco de xarope tem 200 ml, por que diabo me torturam com uma colher de cada vez? (Chora sempre por mais!)

Melhor hora do dia: O leitinho da manhã, enrroscada ao colinho da mãe;
Pior hora do dia: As 19h00 - entre o sono e a fome, venha o diabo e escolha!

Melhor hora da semana: As 10h00, na cama dos pais, ao sábado de manhã. (Não dorme, mas deixa dormir, que é o que interessa.)

Primeiro sinal de adolescência precoce: No carrinho de passeio não tem graça nenhuma andar direita. Giro, giro é andar sentada com os pés para a cabeceira, mesmo que a mãe passe por atrasada mental...

Sinais de perfeccionismo: com o dedo indicador em posição de anzol, tenta a todo o custo arrancar as sardas do pai e apanha meticulosamnete todos os cabelos que a mãe vai largando pela casa;

Cúmulo da simpatia e socialização: Ao longo do dia, o número de sorrisos distribuídos excede em muito o número de caras que vê;

Máxima de vida: Não percas tempo a chorar, se podes aproveitar para fazer asneiras em silêncio.

segunda-feira, outubro 17, 2005

E porque este blog está demasiado baby...

ODEIO O PÓ DE GIZ!!!

Espantem-se comigo!

- On' 'tá pá? (onde está o pai?)
Isto hoje de manhã. Com 10 meses!

segunda-feira, outubro 10, 2005

Do lado de lá

Passei-me. Passei-me para o lado de lá e gostei da experiência. Cheguei há duas horas e meia da minha primeira reunião de pais. Bom, não foi exactamente a primeira, feitas as contas foi a... enésima. Já não sei em quantas vou, já não sei quantas fiz, mas do outro lado, como directora de turma. Como mãe, é novidade. Não foi só a reunião propriamente dita que me deixou na expectativa. Foi a sua preparação, com quinze dias de antecedência, que me deixou expectante. Tivemos o cuidado de compatibilizar agendas, nada de reuniões paralelas, nada de jantares de negócios, nada de maratonas de trabalho inadiável. Ficou combinado: a mãe passaria no colégio por volta das 17h00 para ir buscar a Pirralhita; o pai estaria já a caminho de casa para ficar com ela a partir das 18h00; por volta das 19h30 dar-lhe-ia banho e às 20h00 estariam já os dois debruçados sobre o jantar (o dela, claro!). A mãe, entretanto, teria retornado ao colégio às 18h30 para a reunião. Assim foi.
O que contava trazer daquela reunião eu não sabia bem. Sabia o que não queria, isso sim. Sabia que não queria ser uma mãe chata, melga, daquelas que questionam tudo e mais alguma coisa e que implicam com a professora porque deixou o menino apanhar sol e malham na direcção do colégio porque nunca levam a criança a ver a chuva, o que é tão importante e pedagógico. Enfim, preocupações de quem sabe muito bem o que é estar do outro lado e apanhar com postais difíceis.
A reunião começou. Eu, com alguma tristeza, confesso, via chegar um ou outro casal - também eu gostaria de ali estar com o meu par, mas há alturas assim, em que o singular tem mesmo de passar por plural, porque o par só faz sentido separado. Conformei-me. Só não me conformo com a ausência, a quantidade de crianças que não tinha ali representação. Escandaloso! Onde estavam os pais de tantos meninos?! Por que éramos tão poucos?! E eu ainda me queixo dos que não comparecem às minhas reuniões! Estes são, à partida, meninos privilegiados, meninos de colégio, mas ninguém diria! Que os outros pais se demitam eu ainda posso tentar entender, mas estes?!...
Pimba! Já levei um carolo a ver se acordo! Que mania tenho eu de me armar em mãezinha da humanidade! Voltando ao que me diz respeito: a reunião correu bem, adorei ver o primeiro trabalho da minha Pirralhita (a impressão a tinta de uma mãozinha minúscula, num cartaz colectivo), achei uma graça o cabide dela, com uma bonequinha que a representava (loira de olhinhos azuis como ela própria) e não pude deixar de responder com um sorriso ao cognome que lhe atribuíram: Pirralhita, a sensível - porque ninguém lhe pode levantar a voz, dar-lhe um empurrãozinho mais forte, ou apontar-lhe o dedo ao nariz, sem que caia o Carmo e a Trindade, em violento pranto. Encontrei a cereja deste bolo em casa: pai e filha em paz absoluta, ela cheirosíssima, barriguinha cheia, em pacata animação, sem grandes alaridos, como convém naqueles instantes que antecedem a hora de dormir. Boa noite. Até amanhã.

Finalmente!...

Embaciaram-se os vidros do carro, o chapéu-de-chuva saiu de trás da porta, já meti o pé numa poça, ouvi água pelo algeroz abaixo quando saía pela garagem, o cabelo não se aguentou liso, os pavilhões da escola estavam todos patinhados, assisti à estupefacção da minha filha, que não fechava a boca perante o ambiente de banho e banheira que se vivia na rua! Tinha tanta sede...

sábado, outubro 08, 2005

Só me faltava mais esta!

Um grupo de iluminados cientistas ingleses conseguiu provar esta semana que as mulheres altas são menos maternais, mais ambiciosas e mais obcecadas com a carreira.
Resta-me a ténue esperança de poder ser considerada baixa por terras de sua magestade... Ó tio Charles, ó primo William, ó vovó Margareth, 1,76 cm é muito? Descalcinha! Sem saltos altos, que eu nem uso disso! É que se me acham alta, aproveito o fim-de-semana e dou aí um pulinho, só para agarrar pelos colarinhos cada um desses cientistas, eu mesma, que chorei baba e ranho por um rabinho assado, passei semanas de olhos inchados, sofrendo por antecipação com a entrada para a creche, e já teria atirado a carreira às urtigas se o meu marido tivesse nascido norueguês!

terça-feira, outubro 04, 2005

Camões?


O pedido foi simples: "Tânia, arranja-me uma capa para Os Lusíadas."

O resultado foi este que se vê! Um espanto!

Final previsível desta história: não vai ser fácil motivar os meus alunos para o estudo da épica camoniana... estou mesmo a ver - tudo de olhos na capa e eu a pregar aos peixes...

Obrigada, Tânia!

sexta-feira, setembro 30, 2005

Vai cair! Vai cair!

Estão a ver ali, quase, quase a cair, agarrado à penugem? Conseguem ver? Sonho com isto desde a ecografia morfológica...

Posted by Picasa

quinta-feira, setembro 29, 2005

Já??!!

A Pirralhita chegou a casa com as unhas verdes e uma risca de tinta amarela no biberão...

Entendo-te tão bem...

Leitinho a aconchegar o estômago; rabinho tratado; fralda mudada; roupinha vestida; carinha lavada; pezinhos empoeirados de talco (não vão os dedinhos dobrar enquanto lhe calço os sapatos); comprovada a insustentável leveza de um ganchinho, a muito custo preso no cabelo que não tem; chucha na presilha; casaquinho desapertado, só para fingir que é mesmo Outono...
Em contraste estava o pai: deitado sobre a cama, como um crucificado, com o pijama dela a cobrir-lhe a cara.
- Que estás a fazer, querido?!
- O cheirinho dela...

Complexos

Mas quando é que ela diz "mamã" sem ser para se queixar?!

segunda-feira, setembro 26, 2005

Agora que já não choro

Posso falar do meu sentimento de culpa, que vai ser sempre isso mesmo. Vou já avisando que não há "comentários" que possam aliviar este meu estado de espírito. Se uma etiqueta se destacasse aqui do lado direito das minhas costelas diria:"100% culpa. Do not whash."

Desculpem-me a presunção, mas vou falar como se fosse a mãe da Humanidade. O sofrimento físico de um filho atinge-nos directamente o coração, sem passar pelo cérebro. Não nos peçam racionalidade! E isto não se entende. Não se entende, porque pode até nem ser o pior dos sofrimentos, mas a verdade é que é assim. Agora, pensando bem, se me dessem a escolher entre um rabinho assado e uma entrada traumática para a creche, com choro, baba e ranho, eu teria de optar, muito conscientemente, pelo rabinho assado. Mas não foi nada disto que me passou pela cabeça ultimamente. A verdade é que a Pirralhita andou estes últimos dias de rabinho assado, porque a mãe teve um deslize no zelo que lhe é devido. NÃO ME PERDOO!!! A caminho do trabalho, a imagem da minha filha aos gritos de dor inundava-me os olhos e obrigava-me a limpar a cara às costas das mãos e às mangas da camisa, para poder distinguir o verde e o vermelho em cada semáforo que passava. Ontem, não conformada, cheguei mesmo a pôr em causa o meu quociente de inteligência e fui fazer
o teste. Resultado: estou na mediania. Como???!!! Como é possível que uma mãe medianamente inteligente deixe um filho de rabinho pelado?! O farmacêutico lá explicou que são os dentes. A urina e fezes tornam-se mais ácidas, pelo excesso de salivação, e a assadura é inevitável. Qual xixi, qual cocó!!! Não quero saber de nada disso!!! E a minha filha também não, com a pele naquela desgraça!!! Sem desculpa! Não quero saber! Não quero ouvir! Não vai voltar a acontecer!
Pausa. Uma noite de sono. O racionalismo é finalmente chamado a intervir. Conclusões:
  • Sim, é verdade, o romper dos dentes é muitas vezes responsável pelo eritema nadegueiro (assadura).
  • Por mais grave que se apresente, esta situação pode ser tratada em três dias. Como? Bom, corri tudo. Fiquei a conhecer todas as pomadas, cremes, unguentos e loções que a botica tinha para oferecer. Esgotei os truques. Sim, esse da maizena também! Cá vão as dicas, fruto do meu calvário, para tratar uma assadura mesmo feia:
  1. Pôr de lado os toalhetes de limpeza. Passar a usar gaze não tecida, encharcada em 1er eau da Uriage, ou Phisyobebé, da Mustela, só para retirar o excesso de pomada da muda anterior, com muita delicadeza.
  2. A lavagem do rabinho, propriamente dita, deve ser feita à torneira, com água fria ou morna, com Lactacyd (esse mesmo, o da nossa higiene íntima!). O resultado do uso deste produto é impressionante! A assadura começa a melhorar a olhos vistos!
  3. Secar muito bem o rabinho, com turco macio, sem esfregar, com palmadinhas suaves.
  4. Se possível, deixar o bebé um bocadinho de rabo ao léu.
  5. Espalhar uma camada muito generosa de Eryplast, da Lutsine, sobre a área a tratar.
  6. Se possível, deixar o bebé sem fralda, caso contrário, pôr-lhe a fralda larga.
  7. Repetir toda a operação de hora a hora e sempre que tenha cocó.

É lindo o racionalismo, não é?

NÃO ME PERDOO!!!

quarta-feira, setembro 21, 2005

Madurezas

Entrei na perfumaria, a correr, na minha hora de almoço que hoje não chegou a ser, em busca de uma prenda para a avó N., mãe do P. - sogra, pois... mas não gosto do termo e nunca a trato assim.
O cheirinho teria de ser mesmo um cheirinho - o mais discreto possível, sóbrio, muito "avó", mas sem descambar para o aroma de sacristia. Peguei no Madame Rochas... Nããã! Demasiado decrépito, nada a ver com os olhos sorridentes da avó N. Passei ao Ô de Lancôme... Também não. Demasiado estival, em desacordo com o Outono que já se sente. Apanhada pela exuberância de um frasco em forma de balão de ensaio, tingido de verde alface, como se a tinta não tivesse chegado para a obra perfeita, arrisquei o teste. Borrifado o cartãozinho de ensaio, aproximei o nariz. Bom, escuso-me aqui a descrever a informação que me chegou ao cérebro, qual choque eléctrico em fulminante descarga. Basta imaginarem o seguinte: de repente só me ocorreu uma avó de mini-saia e plumas no cabelo, muito desgrenhado, como se usa agora. Aquilo foi o suficiente para me fazer saltar para o clássico dos clássicos: Chanel nº 5. Pedi o frasco maior, que a avó até merecia cinco litros, mas não há... Já na caixa, perguntam-me se é para oferta. O embrulho ficou bonito... talvez um pouco festivaleiro, a dar assim um bocadinho com o perfume do balão verde, mas não estava mal, atendendo à ocasião... Despachei o pagamento e fiquei à espera que a moça acabasse de vasculhar as gavetas das amostras, a ver o que me havia de dar. "O do costume" - pensava eu já no limiar da impaciência, a imaginar as amostrinhas de perfume, género essência de pudim... e logo para mim, fiel ao mesmo perfume há mais de treze anos... Quando encontrou finalmente o que me queria dar, explicou: "Um cremezinho reparador da Lancôme, para usar à noite!" OK.
Zarpei com a mira numa sandes que me fizesse esquecer a fome. No caminho até ao carro deitei os olhos para dentro do saco, só para ver de novo o embrulho, e topei com a oferta. Peguei na caixinha e li: "First Signs of Ageing Visibly Skin Regenerating Night Treatment". Pronto! É óbvio e desconcertante! As primeiras rugas já não passam despercebidas!... Por outro lado, posso sempre ver a coisa sob uma perspectiva mais optimista: é melhor uma oferta destas do que uma outra que usasse aquele abominável eufemismo das "peles maduras". Esse é que não suportaria! Já terão reparado na habilidade do marketing, que agora chama às peles encarquilhadas e amachucadinhas "peles maduras"... E eu dou por mim a imaginar a minha pele "madura"... Pior: imagino-me com a pele a cair de podre! É natural, não é? O que amadurece acaba por cair de podre, se não for bem aproveitado...
Ironia de tudo isto: lembram-se como começou o post? Eu entrava na perfumaria à procura de um perfume muito "avó"...

terça-feira, setembro 20, 2005

Porque a vida não me dá razões de queixa...

Não há nada como um refogado queimado para terminar o dia em beleza.
Nota: Não me estou a queixar, só a constatar a adversidade...

I´m an alien

É exactamente assim que me sinto, quando toda a gente me fala num endereço gmail, nos fantásticos efeitos da sessãozinha de Pilates e no viciante sudoku. Lá para o Natal - quem sabe? - talvez me sinta menos alienada...

STRESS

Ao mesmo tempo, fingia que almoçava, passava os olhos pelo último catálogo do Ikea e ouvia um disco de canto gregoriano que para ali tinha e já me tinha esquecido que tinha, mas ainda bem que o tenho. Não satisfeita com a simultaneidade das três tarefas, e não sei a propósito de quê, comecei a sentir-me stressar com a festa de anos da Pirralhita que é já amanhã- a 26 de Novembro! - e eu com a casa em absoluto desacordo com o estrondoso evento! Bolas! 1 ano é 1 ano! SOCOOOOOOOORRO!

domingo, setembro 18, 2005

Para onde vai 1/4 do meu orçamento mensal

Batata
cebola
nabos
alho
abóbora
couve-lombarda
couve-galega
couve-portuguesa
couve-flor
bróculos
grelos
nabiças
courgetes
alface
feijão verde
espinafre
pimento
pepino
alho francês
favas
ervilhas
limão
acelgas
tomate
coentros
salsa
poejo
manjericão
hortelã
maçãs
pêras
bananas
ameixas
morangos
laranjas
uvas
pêssegos
kiwis
papaia
manga
ananás
figos
romãs
mirtilos
framboesas
amoras
iogurtes simples
iogurtes de fruta
carne fresca
carne congelada
peixe congelado
comida pré-cozinhada
boiões para bebé
papas para bebé
leite para bebé
fraldas
queijos
requeijão
azeitonas
tremoços
pão
enchidos
vinhos
água
sumos
azeite
vinagre
massa de pimentão
ketchup
polpa de tomate
concentrado de tomate
bolachas
croissants
avelãs
amêndoas
amendoins
tâmaras secas
figos secos
pistachos
algas secas
chás
café
cereais
farinhas
leite
leite em pó
ovos
puré de batata instantâneo
massas
arroz
feijão
lentilhas
(...)
Está tudo aqui e aqui.

sexta-feira, setembro 16, 2005

FAQ

Ela é feliz, não é?
Diz o pai para a mãe e a mãe para o pai, dia sim, dia sim.

terça-feira, setembro 13, 2005

(Em) Crescendo

Não é só a filha que já tem dentes. Eu já distingo a salsa dos coentros, sem ter de os cheirar. O pai já distingue roupa branca e roupa de cor, quando tem de a pôr na máquina. Tudo cresce, cá em casa.

Doce rotina

Sete da manhã. A rotina manda e a fome não perdoa: um biberão de leitinho atestado. Cheia de mimo, mantém os olhos fechados. O esquerdo pisca a cada dez segundos para dizer: "Não estou a dormir, é mesmo mimo. Só." Aproveito a onda e deixo que os dedos se esgueirem por aquele espacinho aberto, entre a t-shirt e as calças do pijama, e fecho os olhos, também eu cheia de mimo.

domingo, setembro 11, 2005

Memorando

Fez esta semana um ano que iniciei a minha preparação para o parto. Não, não vou contar aqui como foi o nascimento da Pirralha, não vos vou martirizar com 9 horas de trabalho de parto - curto tempo, tratando-se de um primeiro filho.
Nem sei bem se tenho saudades dessa fase - foram tempos de muita ansiedade latente. De quem tenho saudades mesmo, e isso é para mim uma evidência cada vez mais óbvia a cada dia que passa, é da MULHER que me preparou para ajudar a minha filha a nascer.
Muito obrigada, Doutora Graça Mexia! Até ao próximo...

Cá p'ra mim...

Isto há-de querer dizer alguma coisa... Andar constantemente a pensar: "Não seria caso para mudar de pediatra?" - quer dizer o quê? O quê?... Quê?...

BINGO!
É isso mesmo!
P.S. A consulta de 5ªfeira nem correu mal. A Pirralhita lá está com os seus 9,650 kg, 72 cm mal medidos (nem esperou que se esticasse)... Não gostei foi da ideia da açorda. Açorda?! Para uma bebé de 9 meses que ele acha que tem excesso de peso?!

2º dente!

E vão dois. É só pr'avisar.

quinta-feira, setembro 08, 2005

ESPANTO!...



Ainda estou de boca aberta com a maravilha que me trouxe o carteiro esta manhã: a capa para os meus livros, da Tânia Ho! Não queiram saber o que é isto nas nossas mãos! As fotografias não lhe fazem justiça! Obrigada, Tânia! Já ando com ela para todo o lado, semeando inveja por cada canto!

quarta-feira, setembro 07, 2005

Outono


Quando o prato nos fala da sua chegada, não há como negar as evidências. De olhos nestas cores pensei: "Que salada tão Outono." É por estas e por outras que a folha caduca e a chuva miudinha nunca me deprimem, nesta altura do ano.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Na cozinha

Há homens que não são muito dados à cozinha. Tudo bem. Depois há aqueles, como o meu, que vão mais longe, e sentem pelos tachos, panelas, caçarolas, púcaros, chaleiras e fervedores um verdadeiro desprezo, a ponto de não os distinguirem sequer.
Aqui ficam algumas pérolas exemplificativas:
- Querido, que almoçaste hoje?
- Hoje? Hoje foi... Ai, como é que se chama? Ah! Bacalhau espirituoso!
Outra:
- Ah!!! Querido! Vai lá dentro num instante ver se o bacalhau com natas que deixei a gratinar já está bom!
Trinta segundos depois estava ao pé de mim:
- Já vi.
- E?...
- Não sei...
- Ãh?!
- Não sei. Parece um vulcão.

sábado, setembro 03, 2005

Um dente! Palminhas!...

Finalmente! E a tonta da mãe nem dava por nada. Foi preciso uma dentada para mãe concluir: "Au!"

sexta-feira, setembro 02, 2005

Japoneses???!!!



Ah! Ainda não me recompus! Eu que me farto de dizer à criançada de hoje em dia que não sabem o que são desenhos animados a sério, que bons eram os nossos, agora é só violência japonesa, vim a descobrir isto! Bem feita! Para me deixar de ocos elitismos saudosistas!

Pavlov


Eu nunca tive um cão. Agora tenho uma filha. Pavlov teve filhos, mas só entendeu o que é o comportamento condicionado com um cão. Para o efeito, tanto faz. Vejamos:

1º Na agitação do adormecer ou na euforia do despertar, sem querer, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama ;

2º A mãe, ouvindo o barulho da chucha, vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chuchinha;

3º Na agitação do adormecer ou na euforia do despertar, sem querer, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;

4º O pai, ouvindo o barulho da chucha, vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chuchinha;

5º Na agitação do adormecer ou na euforia do despertar, sem querer, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;

6º A mãe, ouvindo o barulho já familiar, vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chucha;

7º Na euforia do despertar, de propósito, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;

8º A mãe ( ingénua,benevolente e de olho naquela horinha que ainda deve à cama) vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chuchinha;

9º Na euforia do despertar, de propósito (de olho naquela horinha que seria da mãe), a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;

10º A mãe (ainda ingénua, já menos benevolente, mas ainda de olho na tal horinha) vai ao quarto da Pirralhita e enche-lhe a cama de chuchas;

11º Na euforia do despertar, de propósito (sempre de olho naquela horinha que talvez não seja da mãe) a Pirralhita atira uma chucha para fora da cama;

12º A mãe (ainda ingénua, já pouco benevolente e ainda de olho na tal horinha) começa a contar, no conforto dos lençóis e da sua esperteza saloia: "E vai uma...";

13º Na euforia do despertar, de propósito (sempre de olho naquela horinha que não há-de ser da mãe) a Pirralhita atira mais uma chucha borda fora;

14º A mãe (despojada de quase toda a ingenuidade e benevolência, e a ver mal parada a tal horinha) continua a contar: "E vão duas...";

15º Na euforia do despertar, de propósito (sempre de olho naquela horinha que garantidamente não há-de ser da mãe) a Pirralhita entrega ao vazio outra chucha;

16º A mãe (despedindo-se da ingenuidade e benevolência, certa de que o sono continua, mas só à noite) acaba de contar: "E vão três!..."

17º Na euforia do despertar, de propósito (já a ver chegar a desejada horinha que afinal é sua) a Pirralhita atira com a última chucha;
18º A mãe, irremediavelmente benévola, lá vai à colheita das chuchas, para gáudio da Pirralhita, a bater com os pés e mãos;
19º O pai junta-se à festa;
20º Na manhã seguinte é certo e sabido: nem sequer vira o disco - toca o mesmo...

quinta-feira, setembro 01, 2005

AVISO

Levei o meu carro à inspecção automóvel com a Pirralhita atrás.
NÃO RECOMENDO.

quarta-feira, agosto 31, 2005

Feira das vaidades

- Bem! Tenho os calcanhares que parecem cartão reciclado! Já viste isto?
- Ah! olha, compras uma pedra de vidro, daquelas azuis de um lado e amarelas do outro, e durante o banho passas nessas partes mais secas, primeiro com a parte amarela e depois com a azul. Depois pões creme. Repetes todos os dias durante uma semana. Vais ver! Ficas com os pezinhos de uma princesa!
- Não quero princesa! Quero rainha!
- Estúpida! A princesa é mais nova!

Pensamento do dia

Nem só de posts vive um blog.

terça-feira, agosto 30, 2005

Hoje


Apetece-me ouvir-te.
És o meu grito e o meu colo.

segunda-feira, agosto 29, 2005

É dose


Dupla? Nããã!... Quatro anos de coabitação ainda não chegaram para acertar na dose certa... Esta era para dois, mas saiu-me assim: bolonhesa para quatro...

sexta-feira, agosto 26, 2005

Il y a des blogs...

Para todos os gostos. De notável sentido estético (para o melhor e para o pior); verdadeiros serviços públicos; ventanias de Verão vindas de norte (arrasadoras mas necessárias); pérolas do nosso idioma; verdadeiros atentados a este último... Tudo isto eu leio, dependendo do meu estado anímico. Agora, não há disposição que resista ao espírito mesquinho de um blog. Então se vier mascarado de doutrina papal... fica assim como que... um vómito. É isso: um vómito. Mas de tons esverdeados, denotando mal de fígado, que verte ódio por todo o lado. Livra! Vómito por vómito, tragam-me o mais piroso dos templates decorado com o mais analfabeto dos discursos. Prefiro.
P.S. Eu sei que há quem gostasse de ver este post todo linkadinho, para o tornar mais claro e corrosivo, mas não me apetece...

quinta-feira, agosto 25, 2005

Ai!...

Trintonas, queridas, fina flor dos anos 70, ponham-me os olhos nisto e supirem comigo!
P.S. Que mania tenho eu de me dirigir a elas! É para os queridos também, claro!

Loucuuuuura!

A miúda passou-se! Parecia fã do Elvis em concerto, uma coisa nunca vista! E tudo por causa disto.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Onde está o patinho, onde está?

Outra vez, menina Pirralha??!! O pai não volta a lavar o patinho que atiras para a sanita!!!

terça-feira, agosto 23, 2005

1, X ou 2?

Primeiras férias da Pirralhita, primeiras noites fora de casa, primeira caminha de viagem. Até aqui tudo bem. E daqui para a frente também - ela nem estranhou e dormiu que foi um regalo.
Antes de carregar o carro, antes mesmo de fechar as malas, lá foi a mãe, muito ciosa das suas obrigações, ler o manual da dita cama. QUÊ??!! Deixa cá ler outra vez... COMO??!! Diz mesmo, não li mal: Não feche a cama com a criança lá dentro. Bom, das duas uma: ou o insólito já aconteceu e a conceituada marca de artigos de puericultura viu-se na obrigação de salvaguardar nova ocorrência; ou isto não passa de excesso de zelo... Nããããã!... Vai uma aposta? 1, X ou 2? A minha cruz vai para o 2... Por Deus!

segunda-feira, agosto 22, 2005

Filhos da mãe

Nem parecia... mas eram realmente filhos da mãe que os carregava ao colo. Eram mães terroristas aquelas. Agentes do mais bárbaro, cobarde e insano terrorismo de que tenho memória. As imagens de uma cabeça solta, dependurada de uma carruagem, na estação de Atocha, não me impressionaram tanto como o que vi este fim-de-semana em todos os telejornais. Não é exagero. É mesmo assim. Vi mães que faziam dos seus bebés escudos humanos. Nunca uma mãe palestiniana foi a tal extremo - o cúmulo da barbaridade ficava-se, até ao último sábado, pelo armamento de crianças com o mínimo de 10 anos de idade, que aprendiam cedo e depressa a manter sob mira o usurpador israelita; ou pela educação esmerada de um filho para, aos 17 anos, se fazer explodir num autocarro ou mercado do centro da cidade. Parece que a escala que mede os níveis de barbaridade é, como a de Richter, uma escala aberta, que se expandiu por mais um grau este fim-de-semana. Suspeito, no entanto, que as ondas deste sismo se farão sentir por muitos e maus anos, enquanto crescem aqueles miúdos, que as mães tresloucadas exibiram diante de si, vítimas de um terrorismo afectivo, na ânsia de demoverem das suas intenções o soldado-irmão que as arrastava para fora do colonato, o "seu chão". "Seu chão"??!! Ainda que fosse! Sem perdão! Sem justificação possível!!!
E ainda há quem se escandalize com romenas que mendigam à beira de qualquer semáforo mais congestionado, com os filhos ao colo...

Leiam-me muito

sexta-feira, agosto 19, 2005

Eu quero o quê?

Mas o que é que diz a música do anúncio da TMN, que já me começa a irritar, quase tanto quanto a do avião sem asas, da Calcanhoto, que me bombardeou os ouvidos as férias todas????!!! O que é que aquele indivíduo com ar de jamaicano canta? Eu quero o quê???!!!

A.P. / D.P.*


A.P.:
- Quer dizer, consegue um tipo quinze miseráveis dias de férias e vem para aqui apanhar nevoeiro! Assim vale mais voltar para casa... sempre se poupa a diária de hotel!...
D.P.:
- Está cá um nevoeiro!... Sempre se pode passear melhor... Ela nem sequer pode apanhar sol bravo, por isso... 'Bora no carrinho, Gôda?! Passeiinho!Passeiinho! Passeiinho!
A.P.:
- Bem! Esta praia está demais! É só povo, Avecs por todo o lado, tudo ao monte... A areia parece gravilha... As algas são como caldo verde... Livra! Nem morto! Só mais 1 Km e temos praia à vontade ali ao lado!... Mas não, o povo gosta assim, ao magote...
D.P.
- Aqui é que é bom para a Gôda... Do quarto vemos a praia, muito iodo por causa das algas, concessão de barracas... a areia é um bocado grossa, mas ali à beira-mar nem parece a mesma! Nem temos de a meter no carro (1 km ainda é bastante!)...
Enfim, mudam-se os tempos...
* Antes da paternidade / Depois da paternidade

terça-feira, agosto 16, 2005

Baralhação

De manhã, quando entro no quarto e me debruço sobre ela, louca de saudades, depois de uma noite bem dormida:
- Dedeu! - leia-se "adeus".
À saída da livraria, assim que o empregado lhe acena com a mão e diz "Adeus, boneca!...":
- Oá! - vulgo "olá".
Conclusão: as lições da mãe correram mesmo mal... A miúda baralhou tudo.

segunda-feira, agosto 15, 2005

Depressa!

Mimos para esta menina, por favor!

quinta-feira, agosto 11, 2005

(em) nome de um filho

... Venho apelar ao bom senso e contenção de quem anda a magicar o nome que há-de dar ao filho que está para nascer. Desculpem-me a presunção, se vos parecer assim.

Façamos a experiência: perguntemos a um punhado de mães recentes por que motivo escolheu o nome X para o seu besnico. As respostas rondarão muito provavelmente o "gosto imenso do nome, sempre gostei, não tem nada a ver com modas!..."; "é o nome do pai"; " a avó chamava-se assim..." - isto na melhor das hipóteses. A coisa pode no entanto correr pior e teremos o "bem!... é tão querida na novela, não é? Achei o máximo!" ou "ah, campeão! Aquilo é que são golaços!". Tudo bem... cada um com seus gostos... e os filhos são nossos, não é? Podemos escolher o nome que entendermos, certo? Nim. Claro que é aos pais que cabe a decisão, não esquecendo, contudo, que um nome identifica, ad eternum, um bebé-criança-adulto-velhinho-defunto! Só isto! Não é suposto que pais conscientes, por capricho próprio, estigmatizem para o resto da vida, e para além desta, uma pessoa que - ATENÇÃO! - NÃO LHES PERTENCE, NÃO É SUA PROPRIEDADE!!!
Claro que cada nome terá a sua história, razão de ser, é muito bonito que assim seja. Parece-me sempre muito triste que alguém não saiba contar a história do seu nome, por mais absurda que possa parecer. Sei, por exemplo, que me chamo assim porque a primeira pessoa que me visitou na maternidade foi um tio cuja mulher tinha este mesmo nome. Sei também que o nome do meu marido foi votado entre os restantes cinco irmãos já nascidos... Posso portanto contar mais tarde à Pirralhita que a avó é um exemplo de democracia. Imaginem agora que a dita tia se chamava Pulquéria e que o resultado do sufrágio ditava uma maravilha como Anaximandro. Como actuariam pais sensatos? O.K. A homenagem seria bonita, a intenção eleitoral muito pedagógica, mas a criança não pode carregar este fardo o resto da vida!!! - assim pensariam e muito bem! Eu própria teria gostado muito que a minha filha respondesse pelo nome de uma das avós, mas não tinha esse direito, já que qualquer um deles funcionaria mais tarde como um ferro, idêntico àqueles com que se marcam cavalos! Comecei logo a imaginar as tristes cenas na escola: "Chamas-te como???!!! Ora diz lá isso outra vez! Como? Fogo! Como é que isso se escreve?"
Pois... o ideal seria um nome que até é o do avô, ou actor de novela, ou jogador de futebol; não faz de uma criança ave rara; e reúne o consenso familiar... não é fácil...
Ah! Já agora, só mais um critério para juntar a estes três - ando à procura de uma mãe que me responda assim à pergunta lá de cima: "Olha, chamámos-lhe assim porque achámos que ela havia de gostar um dia..."

quarta-feira, agosto 10, 2005

Demiti a lagarta

Sem comentários.

Olha! Queres ver que sou turca?!

Se ser português é isto, afinal devo ser turca... é que há 34 pontos em 43 que não têm nada a ver comigo... Querem fazer contas?

terça-feira, agosto 09, 2005

Voltei de férias


O melhor - este delicioso pedacinho de mim!

O pior - o rio que já não é... secou.

Mas há mais. Taaanto mais!... Em próximos posts.

segunda-feira, agosto 08, 2005

Fui de férias

Assim, sem mais nem menos... Sem despedidas no blog, sem "até um dia"... nada. Vá, podem bater-me, chamar-me estúpida, então isto agora é assim? É esta a consideração que te merecemos?! Tão fiéis leitores que somos, teus colegas blogueirinhos há tanto tempo!... É assim, sua bloguenta desgraçada!? MISERÁVEL!!! Podes começar já tu, que até já começaste! Tu também, vá! Não te acanhes, miúda, e insulta-me de tudo o que quiseres! Aproveita tu também, até somos colegas... Querida dos 4, a ti não te linko, já sei que não queres, mas estás à vontade, não te contenhas, podes fazer comigo um looping na montanha russa e atirar-me borda fora, porque eu mereço. A sensata conselheira de tantos posts comentados também me há-de pôr pelas ruas da amargura... força! E o caso é tão grave, que até os menos habituais têm direito ao seu quadradinho de vingança - faz a tua justiça! Linda, esquece que és uma lady e dá largas aos palavrões, o que eu fiz não se faz, pronto! Ah! E o Senhor Doutor também, embora pouco blogante, suspeito que terá sentido a falta da minha correspondência - aproveite agora para bater no ceguinho.

quinta-feira, julho 14, 2005

Férias, por favor!!!

Esta azáfama inevitável de preparação das férias é esgotante! Comecei muito optimista, mas começo a ver o tempo a fugir e as horas, os braços, as pernas e a cabeça não dão para tudo! Estou há três dias a dizer que é imperioso começar a escrever, passar para o papel coisas de que me vou lembrando e não podem ficar para trás... mas ainda não comecei, confiante na cabeça... Isto vai dar mau resultado... Prioridadade máxima: a PIRRALHA. E só esta prioridade é responsável por uma check-list , ainda meramente mental, que nunca mais acaba:
  • fraldas descartáveis
  • 6 fraldas de pano
  • sacos para fraldas sujas
  • saco para roupa suja
  • creme de muda
  • toalhetes
  • fisiobebé
  • água de Uriage
  • rolo de papel de cozinha
  • soro fisiológico
  • narhinel
  • discos de algodão (2 pacotes)
  • recargas narhinel
  • termómetro
  • supositórios ben-u-ron
  • as gotas de Vigantol
  • o xarope Calcigénol
  • spray rhinomer
  • pruriced gel
  • os 3 cremes mustela da linha dermo-pediatrie
  • tesoura de unhas
  • álcool a 70º
  • 30 compressas pequenas
  • 15 compressas grandes
  • aquecedor de biberões e comida
  • alguidar pequenino
  • sabão de seda
  • tintura de eosina
  • boletins de saúde e vacinas
  • aparelho de aerossóis
  • banheira
  • cama de viagem
  • 2 conjuntos de lençóis
  • 2 cobertas de cama (uma de malha de algodão, outra de lã)
  • 5 toalhas turcas
  • 5 luvas de banho
  • champô
  • leite de banho
  • escova de cabelo
  • fatos de banho descartáveis
  • protector solar (factor 60)
  • casaco de capuz
  • 15 t-shirts de praia
  • 1 chapéu (de ganga, para dar com tudo)
  • 15 mudas de roupa (saia+camisa ou t-shirt)
  • 15 pares de meias
  • 6 pijamas
  • toalha de praia
  • 45 babetes descartáveis
  • 5 babetes normais
  • 6 biberões
  • o copo de bico para a água
  • saco de praia GIGANTE
  • 7 boiões de puré de carne e legumes
  • 8 boiões de puré de peixe e legumes
  • 7 recipientes de puré de carne congelado, feito pela mãe
  • 8 recipientes de puré de peixe congelado, feito pela mãe
  • 15 boiões de puré de fruta (6 variedades diferentes)
  • 15 frascos de iogurte
  • 5 pacotes diferentes de papa de cereais (numerados de acordo com os dias a que se destinam)
  • 1 lata de leite Nutribén Continuação
  • 45 colheres descartáveis
  • 15 taças descartáveis
  • 6 chuchas
  • esterilizador de biberões
  • carrinho de passeio
  • a boneca Funy+balde, forminhas e pá+ 1 mordedor

NOTA 1: lista em permanente e frenética actualização. Aceitam-se sugestões.

NOTA 2: Não esqueceram que sou mãe estagiária, não?

Legenda:

Verde - por comprar

Amarelo - por fazer

Azul - por encontrar (anda perdido pela casa...)

Vermelho - para ir buscar a casa da avó