segunda-feira, fevereiro 26, 2007

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Eu também, miúda... Eu também...

Cansada. Muito cansada de lhe repetir que "o pai foi buscar moedinhas"; que lhe vai dar um beijo à cama quando chegar, com ela já a dormir; que é melhor aceitar a bata para vestir, depressa, porque estamos atrasadas e há uns senhores que se vão zangar com a mãe se chegar tarde; que é melhor sair da janela porque o paizinho só vai chegar com a lua... Cansada de ouvir o eco da resposta que me deu ontem:

- Não quero moedinhas! Quero o pai!

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Desktop



Eu sempre disse que não seria nunca destas coisas: foto dos miúdos na carteira, ambiente de trabalho do computador poluído de sorrisos geneticamente condicionados, canecas impressas com o "gosto de ti, mamã", mas mudam-se os tempos... e eis o desktop do meu PC de há dois anos a esta parte... Confesso que gostava de ver
o teu, e o teu, e o teu, e o teu, e o teu, e o teu, e o teu, e o teu... Só para poder rir também.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

domingo, fevereiro 04, 2007

Convulsões febris - O Mito

O mito, exactamente. Tal como o definiu Pessoa: o nada que é tudo. Mas este conta com a agravante de ser tabu.

Atacando a questão e agarrando-a pelos cornos:
  1. A convulsão febril, desde que ocorra entre os 6 meses e os seis anos, é uma reacção natural do organismo humano;
  2. Ao contrário do que dizem os livros, a percentagem de crianças que sofre convulsões febris não ronda os 4%, esta é certamente muito superior. Caso contrário, como se justifica que mais de metade das mães com quem me relaciono tenham casos para contar, vividos na primeira pessoa? A percentagem revelada pelo livros só pode, por isso, ter por base os casos que chegam aos hospitais e/ou ao conhecimento médico;
  3. As convulsões febris na infância mantêm-se como um tabu que poucos admitem ter vivido. Não nos esqueçamos que este é um fenómeno envolto num misticismo cultural muito grande. Antigamente, uma convulsão, fosse ela de que natureza fosse (febril, epiléptica, ou outra) era vista como uma forma de possessão demoníaca, o que não ajudou nunca à sua divulgação;
  4. Uma convulsão febril nem sempre se manifesta da forma como estamos habituados a ouvir falar dela: com o corpo hirto, estrebuchando no chão, espumando da boca. Não é de descartar a hipótese de uma criança sofrer alguma vez na vida uma convulsão, sem que alguém junto a ela se aperceba disso. Recordo que a minha filha teve (?) uma convulsão sem qualquer alteração física que não fosse o queixo a tremer, muito discretamente, como se estivesse com frio! A apatia que se seguiu podia perfeitamente ter escapado à nossa atenção;
  5. Uma autêntica convulsão febril na infância não implica qualquer dano neurológico ou de outra natureza. O que nos deve preocupar é a possibilidade de uma aparente convulsão febril estar a mascarar uma convulsão de outra natureza, ligada, por exemplo, a uma meningite ou epilepsia;
  6. Não há uma temperatura que se possa considerar o limiar para uma criança poder fazer uma convulsão - há história de miúdos que iniciam o processo convulsivo com 37,5ºC de febre.

O que fazer quando se dá uma primeira "crise":

  1. Aguardar, com calma, que os tremores passem, assegurando simplesmente que a criança pode estrebuchar em segurança, isto é, sem nada ao seu alcance em que se possa magoar. Nunca colocar nada na boca da vítima nem tentar impedir-lhe os movimentos involuntários!
  2. Assim que possível, proceder ao arrefecimento da criança, por todos meios que estiverem ao nosso alcance - se a criança está já sob o efeito de um anti-pirético tomado recentemente, nada mais há a fazer senão despi-la completamente e iniciar o arrefecimento corporal directo, com pachos de água fria debaixo das axilas e nas virilhas e testa. Nestes casos está desaconselhada a imersão na banheira, uma vez que a apatia e falta de reflexos pode facilitar o afogamento. Desligar aquecimentos que possamos ter ligado em casa;
  3. Colocar a criança em posição lateral de segurança - muito importante caso se verifiquem vómitos;
  4. Ligar para a Linha Pediatria 24 (808 24 24 00) e descrever com todo o pormenor o sucedido. Este procedimento, embora possa parecer desnecessário para os mais precipitados que se queiram pôr logo a caminho do hospital, vai permitir um ganho de tempo muito considerável, uma vez que nos permite "saltar" a triagem no hospital;
  5. Se da linha de emergência nos disserem que vão enviar um fax para o hospital (o que é provável em caso de primeira convulsão febril) preparar a saída com a criança rumo ao hospital:
  • Levar a criança com pouca roupa e "descomplicada", para ser fácil despi-la e vesti-la (o que vai acontecer várias vezes ao longo de umas horas);
  • Levar uma manta para envolver a criança na passagem de umas salas para as outras no hospital e para poder recostá-la a dormitar quando possível;
  • Levar uma garrafinha/biberão de água - é natural que a criança tenha sede por causa da febre e do sobreaquecimento dos diversos espaços no hospital. Por outro lado, caso tenha de fazer análises à urina, terá mesmo de tomar água para ser possível uma colheita rápida - quanto menos tempo levar para fazer xixi, menos a criança se aborrece;
  • Levar uma embalagem grande de toalhetes - baba, ranho, vomitado, tudo se limpa;
  • Caso a criança tenha vomitado em consequência da convulsão, é muito prático tarnsportá-la ao hospital com um babete descartável, daqueles com bolsa-pelicano - amparam bem novos vómitos e são muito práticos de substituir.

6. Por último, ultrapassado o terramoto que representa sempre uma convulsão, quer seja a primeira, quer seja a vigésima, falem, falem sobre o assunto, com quem quer que esteja na disposição de vos ouvir - no trabalho, em casa, na paragem de autocarro, no blog, por mail... vão surpreender-se com a quantidade de convulsões que começam a revelar-se e vão, por isso, sentir-se menos sós. Obrigada a todos os que se aproximaram de mim ao longo daquela terrível semana, até hoje.

E pronto. Matei o mito. Derrubei o tabu.

AH3

Eis o nome do bicho. Cá em casa ninguém escapou (bem sei que o agregado compreende apenas três cabeças, muito dadas a beijos, abraços e embrulhanços de pés e mãos...)
Aqui ficam os sintomas que não deixam margem para dúvidas, quando cumulativos:
  • Tosse (primeiro seca e muito irritante, depois já com expectoração e igualmente desconcertante);
  • Febre a ultrapassar os valores normais de cada um dos atingidos - por cá, tanto a filha como o pai foram aos 40ºC, ela com direito a convulsão, ele com delírio e tudo!
  • Nariz pingão;
  • Dores generalizadas no corpo;
  • Eventual inflamação da garaganta, por força das desesperadas tentativas para expectorar e da tendência para dormir de boca aberta.

Desejo-vos sorte.