sábado, abril 29, 2006

E a felicidade é...


Esta boa disposição ao acordar, sábado-muito-de-manhã.

quinta-feira, abril 27, 2006

Voltando à carga...

Enquanto alguém faz as pipocas - não tentem entender a piada - e ainda a propósito deste post, atentem nas sapientíssimas palavras do pediatra Carlos González:


E, se alguma vez «levantarmos a mão» contra o nosso filho, façamos o mesmo que se tivesse acontecido com um companheiro de trabalho ou um familiar adulto:


- procurar por todos os meios que isso não aconteça.

- Reconhecer que fizemos mal e sentirmo-nos envergonhados.

- Pedir perdão à vítima.

1 dia de Miguel

Tinha de vir assinalar a memorável data. Foi o primeiro blogoparto de que há memória. Toda a blogosfera se converteu numa imensa sala de espera, com unhas no sabugo, olhos embriagados de sono e o consumo de calorias achocolatadas levado aos píncaros... Foi lindo!

terça-feira, abril 25, 2006

Afinidades

Ele tem um fraquinho pelo azul, eu pelo vermelho... Aliás, ele é que fala em vermelho, eu vou mais pelo encarnado.
Ele já usa sapatos de cordões. Pela minha parte, possso dizer que não foi fácil habituá-lo aos atacadores... Embora nunca ande de sapatilhas, aquilo a que eu chamo ténis.
Ele gosta de carros grandes, mas jamais andaria de furgão... eu também não me estou a ver de camioneta ou carrinha, francamente... Um Ferrari, sim! Seria vê-lo aos pinchos e a mim aos saltos!
Ele continua a ir ao quarto de banho, enquanto eu, com a mania das grandezas, chamo casa ao quarto dele.
À Pirralhita calçou várias vezes os carapins, eu chamava-lhes botinhas de lã.
Enfim, mais a norte ou mais a sul, ele será sempre o meu tripeiro. Eu serei sempre a sua moura. Faça sol ou morrinha, quer dizer... cacimbada, carago!

Viva a revolução!

A dela. A de cá de casa. Ontem ainda perguntei ao pai: "Achas que já podemos dizer que anda?". Ora, se ele, que é o cepticismo em pessoa, diz que sim, é porque ela anda mesmo!
O processo foi estranho e julgo que nada normal. Isto porque vejo toda a gente anunciar, de um dia para o outro, que os filhos já andam. Com ela nada aconteceu de um dia para o outro. Há uns tempos deu um passinho... Mas é isto andar?! E dois já é andar? E três? Quando é "andar"? E o tempo considerado razoável ia passando: os catorze meses, os quinze... com muito medo - pânico, eu diria - de se ver sozinha, por sua conta, sobre os seus pés. Toda ela tremia se ameaçávamos largá-la, mas sabíamos que era capaz, porque volta não volta lá se distraía e ficava de pé, sem auxílio. Tudo isto me deixava um bocadinho ansiosa, confesso. De tal forma que, quando me perguntavam: "E a tua miúda como vai?" Eu, enigmaticamente, numa frase sempre igual de sentido insondável para quem me ouvia, ia respondendo: "Vai andando..." E é que era mesmo isso. Ia andando. Não andava, ia andando... Mas como hoje já faz o quarto dela todo, de ponta a ponta, sem a prega das calças da mãe, nem o dedo mindinho do pai a ajudar, acho que a REVOLUÇÃO está aí: já anda!
Não, não tenho medo. Não, não é agora que chega o desassossego. Na verdade só quem não a conhece pode acreditar que a revolução começa aqui. Ela é a própria Revolução, desde que nasceu. Só para terem uma ideia, o que vos contei antes deste post, representa uma pálida pincelada do que ela é de facto. Já voava de asneira em asneira muito antes de andar. Agora, pelo menos, ouço-lhe os passos, mais perceptíveis que o bater das asas. Siga a festa...

10 minutos



É quanto dura o efémero sossego que a televisão me proporciona...
Q.b., para a idade dela e para a mãe poder fazer um xixi, sem tê-la a lamber o sabonete do bidé, a passar o piaçaba nas paredes e debruçada sobre a sanita, de cabeça para baixo, com a mão em concha lá dentro, bebendo água sorvida, enquanto lavo as mãos...
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sexta-feira, abril 21, 2006

terça-feira, abril 18, 2006

Olha que chatice...

Mas que insensata esta ideia de lhe oferecerem ovos de Páscoa! Lá tem a mãe de resolver a questão...





Nota discreta que agradeço que não comentem: acabo de liquidar um ovo Kinder... Eu disse "ovo", não "ovinho", daqueles enormes, de tamanho comparável a um abajour de
cozinha.

segunda-feira, abril 17, 2006

A produtora sugere

  • Que os bombons Ferrero Rocher passem a vir embrulhadinhos em papel de jornal, para perderem aquele aspecto irresistível de pepita de ouro;
  • Que os chocolates After Eight passem a chamar-se After Eight PM, para eu não voltar a distrair-me e começar a comê-los às nove da manhã;
  • Que a Confeitaria da Ajuda passe a embalar amêndoas em pacotinhos de três unidades, a ver se a ideia de devorar um pacote num minuto me deixa a consciência um bocadinho mais pesada.

Caso contrário, não tarda estamos na Pascoela e eu estou a comemorar a ressureição daqueles quatro quilos de peso excedentário, que eu julgava perdido para sempre...

Ah!...


Esquecia-me de virar a tabuleta.


Já está.

domingo, abril 16, 2006

Lição

A partir de hoje, a gaveta de primeiros socorros cá de casa passa a ter GAZE GORDA!

É que a queimadura foi "só" de 2º grau, as bolhas que apareceram logo a seguir até tornaram a coisa suportável, mas a pressa no final do duche, esta manhã, trouxe agarrada à toalha turca a pele, que deixou a descoberto o que toda a gente tem por baixo da pele e que eu não sei como se chama e tenho preguiça de tentar saber - é assim um tecido vermelho vivo, à beirinha do sangramento profuso, semelhante ao aspecto do coelho esfolado, não sei se estão bem a ver... A dor levou-me às lágrimas, ensandeci, logo ali, e às duas da tarde outra vez, e às quatro de novo, e às sete, e às oito... à medida que a manga da camisa se ia colando à queimadura, e se não era a camisa eram as compressas (com ou sem unguentos)... Mas por que raio não tenho eu gaze gorda em casa???!!! Porquê???!!! Porquê???!!!

Castigo:
escrever 100 vezes "Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros."

Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros.Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. 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Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros. Vou pôr gaze gorda na gaveta de primeiros socorros.

quinta-feira, abril 13, 2006

Pedido da produtora (eu)

Concedem-me uns tempinhos de preguiça? Sim? Mesmo queridos!
Vou então ali virar a tabuleta:

Que é como quem diz: um dia destes...

quarta-feira, abril 12, 2006

Olha!...

Desapareceu outra vez. Eu avisei (outra vez)...

Porque a vida não é novela

«O Supremo Tribunal de Justiça entende que são «lícitas» e «aceitáveis» as palmadas e estaladas dadas por uma responsável de um lar de Setúbal a crianças com deficiências mentais. Esta instância considerou ainda um castigo normal de um «bom pai de família» fechar crianças em quartos e que as estaladas e palmadas, se não forem dadas até podem configurar «negligência educacional». De acordo com o «Público», que diz ter tido acesso ao acórdão do Supremo, a responsável tinha sido indiciada por maus tratos, nomeadamente por causa das estaladas e palmadas, mas também por fechar as crianças em quartos escuros quando estas se recusavam a comer. A responsável do lar tinha sido condenada anteriormente pelo Tribunal de Setúbal com pena suspensa por apenas um caso, o de ter amarrado por duas vezes os pés e as mãos de um menino de sete anos para evitar que este saísse da cama e a acordasse. O caso começou quando o Tribunal de Setúbal deu como provado que a arguida, responsável pelo lar residencial do Centro de Reabilitação Profissional, entre 1990 e 2000, fechava frequentemente um menor de sete anos, que sofria de psicose infantil muito grave, na dispensa, com a luz apagada, para que ficasse menos activo. Este tribunal condenou a responsável do lar a 18 meses de prisão, com pena suspensa por um ano, justificando esta pena pelo facto de a arguida não ter cadastro, facto que levou o Ministério Público a recorrer desta decisão.

E é assim. Quando nem um colectivo de juízes consegue entender que é imperativo assegurar que gente assim se mantenha "menos activa", palavras para quê? Não tenho mais nada a dizer sobre o insólito que abre os noticiários de hoje na TSF. Só não vou perder a oportunidade de me atirar hoje ao tema dos castigos físicos infligidos a crianças. A notícia foi o mote e hoje não há preguiça que me adormeça os dedos e dê folga ao teclado. É mesmo importante falar.

Lá em casa, a palmada pedagógica sempre se usou. A minha mãe era fervorosa partidária do método, o meu pai menos, mas por mero comodismo, eu acho. Ora, o meu inconformismo perante a violência física contra crianças vem justamente desse tempo, porque me lembro, como se fosse agora, de alimentar sentimentos de raiva e desejo de vingança de cada vez que apanhava uma palmada, mesmo que "justa". Lembro-me de ter 4 anos e pensar: "Quando for crescida, vais ver..." ou " Só me bates porque sou pequenina..." E são estas considerações, com quase 30 anos, que fazem da "palmada" um acto impensável para mim. Hoje, já "crescida", acrescento a estes argumentos a descoberta das virtudes da PALAVRA. Aprendi ao longo da vida que há sempre uma palavra que vai direita ao coração de forma muito mais certeira e humana do que as palmadas. Por outro lado, tão eficaz como a "palavvra certa" é o nosso exemplo pacifista. Uma criança que nunca vê levantar a mão lá em casa, vai interiorizar certamente que isso não é um acto muito normal. E qual será a "palavra certa" que vai direita ao coração de um bebé de um ano, que mal fala, mas já faz birras descomunais? A de cá de casa é uma: "triste". Digo-lhe em genuina atitude de sofrimento: " A mãe está triste." E, ao vê-la desesperada a tentar destapar-me os olhos infelizes que escondi por trás das mãos, descubro cheia de orgulho uma filha capaz da piedade e compaixão. Não, não é chantagem emocional, pelo simples facto de eu estar verdadeiramente triste e de ela ter agido de forma verdadeiramente reprovável. Não há teatro nenhum nisto, nem oportunismo psicológico. Claro que há momentos em que uma criança não está sequer receptiva à "palavra mágica", os gritos e os pés pelo ar não a deixam sequer ouvir. Este é então o momento para... Uma palmada bem assente? NÃO!!! É hora para radicalizarmos a atitude pacifista, por meio da maior arma que o pacifismo conhece: o silêncio. É altura de investir tudo na transparência da nossa alma, para deixar ver através dos olhos o nosso desgosto profundo. Depois, assim que a crise passar, volto a desembainhar o trunfo da PALAVRA para lhe dizer: "Que linda fica a R. sem chorar! Linda! Linda! Linda!". Nesta altura, ela costuma exibir-me a segunda maior arma de que o pacifismo dispõe: um sorriso. E eu apresento-lhe o último naipe do jogo: um beijo. Claro que a estratégia exige uma aprendizagem eterna e um treino persistente. Se é verdade que nos podemos orgulhar de nunca lhe ter levantado a mão, também é verdade que não podemos exibir a glória de ter encontrado sempre a "palavra certa"... Muitas vezes as palavras que encontramos são as piores possíveis, ainda por cima uns largos decibéis acima do razoável... Neste contexto, podem agora avaliar o tamanho do desgosto que experimentei no dia em que ela se lembrou de me levantar a mão. Eu não acreditava no que tinha acabado de ver! Debaixo do choque ainda consegui pôr em marcha a estratégia da "palavra mágica", seguida da táctica do silêncio. Ela entendeu, escondeu a cara envergonhada, e eu ganhei tempo para racionalizar o que acontecera: pois é, mamã, o mundo dela está já muito para além destas quatro paredes e contitui uma ameaça constante ao teu reduto de paz. Enfim, vou-lhe oferecendo "palavras mágicas", já que não posso educar o mundo...

Não sei se fui suficientemente clara e persuasiva. Sob forma condensada, o que quis deixar claro foi o seguinte: nenhuma forma de violência física tem justificação, podendo ser muito contraproducente, sobretudo a longo prazo. Destaco aqui os mais adversos efeitos das "palmadinhas":

- A criança banaliza o acto de violência e assume desde cedo que esta é uma forma natural de resolver conflitos;

- A criança interioriza da pior forma possível a "Lei da Selva" - só o mais forte (crescido, alto, de mão mais pesada) se pode impor e, portanto, passa a querer crescer em função disso mesmo - o poder, um dia, vai ser seu;

- A criança deixa de ter determinados comportamentos só para não apanhar, acabando por não reconhecer a inconveniência social dos actos que levaram à "palmada";

- A criança acaba por desenvolver um perverso espírito de sacrifício quando as palmadas se tornam frequentes, convencendo-se de que determinado comportamento ilícito compensa uns açoitezinhos.

Do ponto de vista do adulto, é bom não perdermos de vista uma realidade incontornável: quando um crescido bate num pequenino, está a ser cobarde, ainda que coberto de razão e cheio de boas intenções. Ponto final. É óbvio que, numa grande parte dos casos, com uma "palmadinha" alcançamos o nosso objectivo, mas convém não esquecer que nem o mais nobre dos fins justifica o uso de todos os meios, mesmo que esses meios apresentem elevadíssimas probabilidades de eficácia à partida. O êxito das nossas atitudes não diz nada sobre a licitude das mesmas.
E não nos iludamos com a ideia do "deixa lá, agora não aceitas, custa, mas um dia vais entender que foi para teu bem...". O problema é que "um dia" já vai ser tarde demais e a criança/adulto, entretanto, já entendeu tudo muito bem e aprendeu que a violência é a forma mais rápida de conseguir vergar a vontade do outro... rápida e eficaz, tão eficaz que não hesitará em usá-la sobre um filho...

Posto isto, convenhamos que não estamos a alimentar nem a revelar sentimentos muito nobres, quando batemos numa criança.

P.S. De propósito, não falei de "castigos", só de "palmadas". Esse é outro assunto, bem mais leve...

Comunicado da produção

A pedido de várias famílias, a produção está a ponderar a remota possibilidade de repor o estrondoso êxito blogueiro: Fotonovela de Domingo. Oportunamente, aqui será divulgado o horário de apresentação.

A emissão segue dentro de momentos.

terça-feira, abril 11, 2006

Deleted post

Eu avisei. Tinha mesmo de ser...

segunda-feira, abril 10, 2006

Carta aberta a Não-Sei-Quem

Não sei quem, mas sei onde. Sei onde deixei a decepção. Foi no Jardim Zooológico de Lisboa. Também sei quando. Foi numa soalheira tarde de domingo, 9 de Abril do corrente. E como não sei em concreto a quem me posso dirigir, porque o Jardim Zoológico não tem rosto - um impessoal endereço de email não é um rosto! - embora o tivesse procurado no respectivo site oficial, aqui fica a carta - espero que muito aberta - para que mais ninguém volte a pagar dois contos e trezentos de olhos fechados, por cada bilhete, que nos interdita o acesso a mais de um terço da área zoológica.

Então foi assim:

Íamos de espírito aberto, predispostos à tolerância e paciência que pressupõem estes passeios de domingo. Tão pacientes e tolerantes, que aceitámos de sorriso rasgado e ânimo leve uma hora e meia de espera dentro do carro, porque o maldito aguaceiro teimava em salpicar-nos os planos. Assim que o sol desistiu de brincar às escondidas e começou a prometer fotografias magníficas, foi ver-nos eufóricos a caminho das bilheteiras. A menina avisou em tom maquinal, enquanto emitia os bilhetes: "Não há espectáculo de golfinhos." Tudo bem. O Jardim Zoológico é muito mais que isso, embora tivéssemos pena, mais pela miúda que por nós... entretanto um letreiro complementava a informação descarregada no acto de pagamento: "Algumas áreas do Zoo encontram-se interditas devido a trabalhos de manutenção." Sim, senhor. A manutenção é importante... e que bom saber que a casa de tanta bicharada não está votada ao abandono. Sem mais delongas, gostaria só que me esclarecessem o seguinte pormenor matemático: quando mais de um terço da área do Zoo está interdita aos visitantes, podemos continuar a falar de "algumas áreas"??!! E quando estas insignificantes areazinhas correspondem, ainda por cima, à casinha dos tigres, do urso, das zebras e dos lobos? É que não estamos a falar da palanca-negra ou do elande, que não dizem nada ao comum das crianças! Não obstante o incómodo, ainda que interditassem quatro quintos da área zoológica, isto não me pareceria nada mal, se - e SÓ SE - a este percalço correspondesse o justíssimo, sério e honesto ajuste no preço dos bilhetes!

Aqui deixo tracejadas as "algumas áreas" de acesso negado ao visitante no Jardim Zoológico de Lisboa, conforme as encontrámos este fim-de-semana, pela módica quantia de 23 euros! - e isto porque não esperámos que ela soprasse três velas para ir ver o fungagá, caso contrário, subia a parada até aos 31 euros e 50 cêntimos!
Para terminar, não ficaria eu bem com a minha consciência, se não reconhecesse aqui a qualidade do pouco que nos deixaram ver. Para mim, que não visitava este espaço há mais de quinze anos, foi uma agradável surpresa constatar que os animais contam agora com um ambiente muito mais acolhedor, dentro dos limites incontornáveis do cativeiro.

sábado, abril 08, 2006

Se o Ruca diz...

«Que giro, olhem bem p'ra mim,
às vezes faço chinfrim,
crescer é mesmo assim,

sou o Ruca.»


Ah, bom! Fico muito mais descansada!...

sexta-feira, abril 07, 2006

Compulsão

É assim a escrita para mim. Pode parecer um exagero, mas eu sinto-a já como um vício, uma dependência, semelhante àquelas do domínio da patologia clínica. Não estou a brincar, hoje é sem humor, é sério.

Com a leitura é diferente. Considero-me até muito preguiçosa. Nunca fui uma leitora compulsiva. E isto nem me parece estranho. Afinal, quem gosta de cozinhar não tem forçosamente que gostar de comer e o inverso também é verdade. Embora eu goste de ler.


O que dizer de quem já não é capaz de observar as matrículas dos carros que vão à frente sem ler mentalmente "Tejo", quando está lá "TJ", ou "Paixão" quando a chapa diz "PX"? Leio e reescrevo, é automático.

O que dizer de quem tem coisas destas espalhadas pela casa toda?


É grave, Doutor?

Os dias "menos". Os dias "mais".

Um psiquiatra espanhol, residente em Nova Iorque, lança hoje no nosso país um livro sobre os benefícios do optimismo. Garante o senhor que 30% do nosso optimismo é genético, o restante vai sendo aprendido ao longo da vida, condicionado por uma série de factores. Concluí que, ou tenho muita sorte, ou sou muito boa aluna.
Há quem veja a vida só com dias "menos", há quem a veja apenas com dias "mais", há quem lamente dias a menos, e quem os considere todos demais.
Pessoalmente, não me identifico com nenhum destes grupos. Não sou pessimista, mas, em contrapartida, o espírito Wireless não tem nada a ver comigo - gosto de me manter ligada à terra, de preferência por meio de um cabo, que o fio pode partir. Não sou, portanto, sibila da desgraça, mas também não sou menina de construir castelos no ar.
Alguns dos que se revêem nas minhas palavras poderão pensar: "Pois, exactamente como eu. Não sou optimista, nem pessimista. Sou realista, isso sim." Sim? Não. Não há como nos mantermos em terreno neutral numa questão como esta. Não vale fugir com o rabinho à seringa e dizermos que somos "realistas", como que a querer dizer que temos uma visão prospectiva, futura, do mundo absolutamente objectiva e imune ao positivismo e negativismo que carregamos. Dizermo-nos "realistas", só porque aquelas que são as nossas expectativas se concretizam com muita frequência, é uma espécie de batota. Concretizando: se alimento expectativas de ver o meu clube perder uma eliminatória da Liga do Campeões Europeus, isso não faz de mim uma mulher "realista" (mesmo que, em termos matemáticos, a probabilidade de isso acontecer fosse elevadíssima). Prever um inêxito, que acaba realmente por se concretizar, não faz de nós indivíduos "realistas", o que acontece é que nos revelamos pessimistas com tendência para acertar. Não há como ser realista no domínio da prospecção, pelo simples motivo de que ninguém domina a realidade futura. Queiramos ou não, a forma como perspectivamos a nossa vida implica um posicionamento optimista ou pessimista face ao futuro. E, se ser "realista" é criar expectativas de acordo com probalilidades puramente matemáticas, abstraíndo-nos da nossa subjectividade, enganamo-nos de novo, porque a probabilística falha - e muito mais vezes do que os números fazem crer.
Pergunta-me agora a freguesia: então, se não és optimista, não és pessimista e realista também não, és o quê afinal, pá? Sou uma opsimista, pois! Sou daquelas que, não vivendo no mundo da lua, como optimista crónica e alienada, também não vejo sempre o diabo atrás da porta. Pertenço àquela estirpe dos que acreditam que, no meio da desgraça (que tem mesmo de acontecer), entre mortos e feridos (que terão mesmo de aparecer), alguém há-de escapar... E eu estarei certamente entre os que escapam, eu sei.

quinta-feira, abril 06, 2006

Cale-se!

"O crédito do seu cartão é inferior a um euro."
EU SEI!

Boa tarde, freguesia!

Abri a loja.

quarta-feira, abril 05, 2006

Por hoje chega.

Tanta produtividade está a deixar-me exausta! Fecho a loja.

Era uma varicela, por favor...

Aqui para a mesa do canto.

A verdade é que o pediatra vai recordando, desde a consulta dos seis meses, que lá para os dezoito temos a vacina da varicela. Sim, senhor, parece-me - ou parecia - muito bem. Tão bem, que até tenho sido eu a repetir-lhe o lembrete nas últimas consultas.

Acontece que, por ocasião da VASPR (a terrível vacina anti-sarampo, papeira e rubéola) me vi na necessidade de procurar mais informação sobre os efeitos secundários associados a este papão, que deixou a R. a arder em 40º de febre, por três dias consecutivos. Foi quando me deparei com algumas considerações sobre a vacina da varicela, que me fizeram reconsiderar a possibilidade de vacinação. Ora leiam lá
ISTO, fruto do trabalho do Professor Manuel Carmo Gomes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e membro da Comissão Técnica de Vacinação.
Dá que pensar, não? Agora expliquem-me lá por que meandros da diplomacia me meto eu, para comunicar ao pediatra que não a quero vacinar, não obstante o respeito que me merecem os seus cabelos brancos e o mérito profissional atestado por tão longos anos de exercício clínico? É que é mesmo assim: eu quero que ela apanhe varicela e o mais cedo possível.
Como descalçar esta bota, como, como? Simples: a vacina não chegará se a senhora dona varicela, a própria, chegar primeiro. Pronto. Depois só tenho de comentar com o Sr. Dr., em tom muito compungido: "Já viu, Dr.? Que maçada! Agora, a vacina... paciência!..." E ninguém sai melindrado, a não ser a minha Pirralhita, coitadinha, com umas quantas borbulhinhas, por dez ou quinze dias.
Assim sendo, procura-se menino(a) com varicela, em fase contagiante, que queira brincar às casinhas com a minha filha, um dia destes.
Muito agradecida.

Só uma perguntinha

Repararam que estou de férias, não é verdade?

Ainda é cedo, mas...




A barriga

Alguém lhe chamou "o inquilino do 6º esquerdo". Seja como for, quem palpitou pelos 6 meses de locatária nesta barriga acertou em cheio. Nem mais. Bom olho, Dona Lua e Dona Kiduxa!


E Francisca! E Francisca! E Francisca! E Francisca! E Francisca!

Ao rubro (adj. vermelho-vivo; cor de fogo)

António Lobo Antunes, hoje, 09h10, aos microfones da TSF:

O meu país é o Benfica.

OK. Hoje também eu sou benfiquesa. Amanhã volto a ser só benfiquista.

terça-feira, abril 04, 2006

Casa (quase) arrumada

Embora com as paredes por pintar. Repararam como está diferente? Ora vejam bem o 5º direito.... Cheiinho de dicas e conselhos: da tosse às enxaquecas, passando pelo kefir e pelos soluços, está mesmo convidativo! E o 6º andar? Já tem caixa de correio e tudo! O 4º piso ainda não está pronto, mas sempre está mais funcional... Pelo menos já não tenho de bater à porta da vizinha para me deixar espreitar as novidades do Dia-a-Dia; para saber com que cor estão as Ervilhas; se Mãe ainda se escreve com M; se a América ainda é o que está a dar for Making Babies; e se a Mãezite já tem cura ... é que as janelas deste 4º andar só tinham vista para as aventuras de Mrs. Bond; para a beleza de Dona Redondinha (na barriga, não nas Costinhas), para os dias de Dona Gaja (Aninhas para os amigos), para o paraíso em que ainda vive Adão (a história que nos contaram estava errada...); para os relatos interrompidos da mais reconfortante Profissão (a de Mãe); para a família do Kiduxo, toda ela muito kiduxa; para o mundo através dos Olhos Dela; para as considerações de uma Flor Silvestre que já foi mais espinhosa e verde, embora mantenha esta cor, não obstante a nova pintura; para as (des)venturas de uma Lady; e para a saga de uns Bichinhos (nada) Feios.
Só as paredes estão na mesma, à espera de tempo e disponibilidade mental que lhe tragam um template mais fresco e alegre, condizente com o espírito da prorietária - ou serei senhoria? Ou locatária? Nem sei...