Estou muito cansada do meu trabalho. Gostava de ter um emprego, para variar um bocadinho.
terça-feira, maio 30, 2006
segunda-feira, maio 29, 2006
35ºC
Sim, percebi.
A tarde escaldante e a M. resolve ir pôr-se debaixo de água. Polo, jardineiras, ténis, até a fralda-maravilha, daquelas de laços que dasaparecem com o xixi... tudo encharcado! Eu tinha avisado. Só me restou subir o volume e engrossar o timbre da voz:
- M.! Olha bem como estás! Toda encharcada! É bonito, é? Que foi que a tia te disse?!
- Mas eu estou a pedir desculpa!... Percebes?! - isto com 2 anos acabados de fazer.
Sim, percebo que levanto a voz com demasiada facilidade. Mas eu estou a pedir desculpa, percebem? E vou corrigir-me, percebem? E vou apender a contar até dez, percebem?
- M.! Olha bem como estás! Toda encharcada! É bonito, é? Que foi que a tia te disse?!
- Mas eu estou a pedir desculpa!... Percebes?! - isto com 2 anos acabados de fazer.
Sim, percebo que levanto a voz com demasiada facilidade. Mas eu estou a pedir desculpa, percebem? E vou corrigir-me, percebem? E vou apender a contar até dez, percebem?
sexta-feira, maio 26, 2006
Por falar em piropos...
Os homens portugueses são (estão) tão pouco criativos... É que aquela do "E ainda dizem que as flores não andam!..." já não se pode ouvir!
Piropos
- Esticou o cabelo? Está muito bonita! - isto dizia o merceeiro, enquanto me pesava os alperces e as cerejas.
Não, não me relaciono com o merceeiro, a não ser neste instantâneo encontro semanal, com a caixa, o pin pad e a balança de permeio. De forma que a observação me deixou perplexa e atrapalhada. Lido muito mal com elogios, sobretudo em público. Não é só um problema de auto-estima que mantenho por resolver, é um problema de socialização muito peculiar. Assim que recebo um elogio tenho tendência imediata para considerar uma de duas possibilidades: ou estão a gozar comigo; ou tentam a via da bajulação descarada, com o fito em proveitos próprios. Por outro lado, este meu entendimento das relações sociais como um jogo de xadrez, não me deixa ver com muito bons olhos que o peão coma a rainha ou que o bispo se atire ao rei. Sentia-me por isso muito mal, ainda no tempo da faculdade, quando passava pela portaria e o segurança me cumprimentava com um "olá!" atrevido, em resposta ao meu "bom dia" distante e discreto. A verdade é que achava aquilo de uma petulância e falta de educação incríveis. Cheguei a fixar-lhe os olhos e levantar ligeiramente a voz enquanto lhe dava os bons dias, mas ele manteve o "olá" até ao meu ano de estágio. Se calhar o indivíduo nem agia mal intencionado. Podia, simplesmente, não ter qualquer noção do que são (in)conveniências sociais e, nesse caso, a mal intencionada era eu, como no filme - verdadeiro filme! - da fruta ao rebolão. Eu conto, eu conto: saía eu do mercado, situado numa zona da cidade esquecida pela autarquia e frequentada por manadas de homens com barriga de cerveja, quando ouço o grito masculino tingido pela cor do vinho: "Olha a fruta! Olha a fruta!". É de facto difícil uma mulher passar por ali e escapar à ordinarice, mas assim aos gritos também me parecia demais... Resolvi, muito discreta, levantar os olhos do chão só para me certificar de que a boçalidade era mesmo para mim. Era. Era eu que tinha dois sacos de supermercado a rebentar pelas costuras, semeando pêras, maçãs, meloas, laranjas e pêssegos pela estrada fora, numa extensão digna de comédia ao melhor estilo inglês. Pois... a mal intencionada era eu e o desgraçado do homem ainda se prontificou à vindima, não fosse algum carro esborrachar-me a mercadoria.
Fica então o aviso: não me façam elogios, porque eu não os sei receber e posso mesmo passar por estúpida, bruta, presunçosa ou mal criada. Críticas também requerem moderação, mas isso dá outro post...
Não, não me relaciono com o merceeiro, a não ser neste instantâneo encontro semanal, com a caixa, o pin pad e a balança de permeio. De forma que a observação me deixou perplexa e atrapalhada. Lido muito mal com elogios, sobretudo em público. Não é só um problema de auto-estima que mantenho por resolver, é um problema de socialização muito peculiar. Assim que recebo um elogio tenho tendência imediata para considerar uma de duas possibilidades: ou estão a gozar comigo; ou tentam a via da bajulação descarada, com o fito em proveitos próprios. Por outro lado, este meu entendimento das relações sociais como um jogo de xadrez, não me deixa ver com muito bons olhos que o peão coma a rainha ou que o bispo se atire ao rei. Sentia-me por isso muito mal, ainda no tempo da faculdade, quando passava pela portaria e o segurança me cumprimentava com um "olá!" atrevido, em resposta ao meu "bom dia" distante e discreto. A verdade é que achava aquilo de uma petulância e falta de educação incríveis. Cheguei a fixar-lhe os olhos e levantar ligeiramente a voz enquanto lhe dava os bons dias, mas ele manteve o "olá" até ao meu ano de estágio. Se calhar o indivíduo nem agia mal intencionado. Podia, simplesmente, não ter qualquer noção do que são (in)conveniências sociais e, nesse caso, a mal intencionada era eu, como no filme - verdadeiro filme! - da fruta ao rebolão. Eu conto, eu conto: saía eu do mercado, situado numa zona da cidade esquecida pela autarquia e frequentada por manadas de homens com barriga de cerveja, quando ouço o grito masculino tingido pela cor do vinho: "Olha a fruta! Olha a fruta!". É de facto difícil uma mulher passar por ali e escapar à ordinarice, mas assim aos gritos também me parecia demais... Resolvi, muito discreta, levantar os olhos do chão só para me certificar de que a boçalidade era mesmo para mim. Era. Era eu que tinha dois sacos de supermercado a rebentar pelas costuras, semeando pêras, maçãs, meloas, laranjas e pêssegos pela estrada fora, numa extensão digna de comédia ao melhor estilo inglês. Pois... a mal intencionada era eu e o desgraçado do homem ainda se prontificou à vindima, não fosse algum carro esborrachar-me a mercadoria.
Fica então o aviso: não me façam elogios, porque eu não os sei receber e posso mesmo passar por estúpida, bruta, presunçosa ou mal criada. Críticas também requerem moderação, mas isso dá outro post...
quarta-feira, maio 24, 2006
terça-feira, maio 23, 2006
Pergunto ao meu segundo filho...
Como vou pagar mais uma mensalidade de colégio, porque jamais me atreverei a roubar à avó a força de vida que ainda lhe resta (e merece gozar em paz)?
Como entretenho duas crianças entre as 17h30 e as 20h30, enquanto faço o jantar, preparo banhos, dou banhos e limpo lágrimas não sei de quem, porque o pai tem de trabalhar até tarde, e o orçamento não estica até à empregada, mulher-a-dias, nem mulher-a-horas sequer?
Que será de nós se o acaso te trouxer até este mundo na companhia de um terceiro (em três gerações, a família contabiliza já QUATRO pares de gémeos!)?
A quem dou de comer primeiro: Ao mais pequenino? Ao mais despachado? Ao que grita mais alto?
Como posso garantir a cada um dos meus filhos momentos de atenção exclusiva, ainda que breve?
Como?...
Eu sei que não faltarão vozes experientes a dizer-me que com calma tudo se faz e cria, que é tudo uma questão de organização e algum sacrifício. Acontece que a metáfora das águas calmas não tem nada a ver comigo; o dinheiro não cresce nas árvores nem germina como feijão; o caos toma conta da minha casa com demasiada facilidade; e, francamente, sinto-me no limite da minha capacidade de sacrifício...
Como entretenho duas crianças entre as 17h30 e as 20h30, enquanto faço o jantar, preparo banhos, dou banhos e limpo lágrimas não sei de quem, porque o pai tem de trabalhar até tarde, e o orçamento não estica até à empregada, mulher-a-dias, nem mulher-a-horas sequer?
Que será de nós se o acaso te trouxer até este mundo na companhia de um terceiro (em três gerações, a família contabiliza já QUATRO pares de gémeos!)?
A quem dou de comer primeiro: Ao mais pequenino? Ao mais despachado? Ao que grita mais alto?
Como posso garantir a cada um dos meus filhos momentos de atenção exclusiva, ainda que breve?
Como?...
Eu sei que não faltarão vozes experientes a dizer-me que com calma tudo se faz e cria, que é tudo uma questão de organização e algum sacrifício. Acontece que a metáfora das águas calmas não tem nada a ver comigo; o dinheiro não cresce nas árvores nem germina como feijão; o caos toma conta da minha casa com demasiada facilidade; e, francamente, sinto-me no limite da minha capacidade de sacrifício...
Enquanto não te conheço, enquanto não existes, vou tentar dar resposta a cada uma das perguntas que me atormentam a consciência... tenho até final do ano. Não te preocupes. As coisas compõem-se e tu hás-de chegar.
P.S.: Atenção ao bold! No entanto, aceito e agradeço os parabéns... Afinal de contas, um filho começa por nascer na nossa cabeça, antes mesmo de o gerarmos no nosso ventre. Estamos, portanto, grávidos de vontade de nos lançarmos à aventura. A viagem tem início marcado lá para o final do ano.
segunda-feira, maio 22, 2006
Posso fazer birra?
Ai, pá! O que eu não dava para me chamar Deca, Figa, Petita ou Frechauta!... A sério! Sempre era sinal de que era irmã de um jogador de futebol bem sucedido...
Ronaldo e Ronalda?! Foge! Parecendo que não, Rómulo e Remo foram muito mais felizes...
domingo, maio 21, 2006
Sou uma mãe isenta e objectiva
E sei que tenho uma filha linda de morrer. Não sou eu que faço o juízo, é a multidão que se cruza com ela na rua e não consegue evitar o sorriso aparvalhado. Há até quem vá com a cabeça ao poste por ter ficado a olhar para trás. Já houve quem me perguntasse se não queria pensar na ideia de pô-la na capa de uma qualquer revista. Como vêem, não sou eu. É o mundo.
Pela parte que me toca, vejo neste "Ahhhhh!!!" colectivo uma enorme vantagem: na companhia dela, posso sair à rua toda desgrenhada, de cabelo oleoso, com uma nódoa que nasce no decote da camisa e só vai morrer na bainha das calças, que ninguém repara. Ela monopoliza as atenções. É bom.
Um dia em sms
11h37 (eu) - Então, VIDA? Como corre? * ~
14h15 (ele) - Estamos a ganhar por 3-2. Mas sabemos que o árbitro vai inventar um penalti contra nós, e que a nossa equipa vai quebrar fisica/. Vamos ser goleados... * ~
14h54 (eu) - Metam + 1 ponta de lança, atirem-se p/ o chão p/ lá da linha, em último caso façam correr o guarda-redes p/ a baliza contrária! * ~
17h38 (eu) - Então? Foram a penaltis, ou n foi preciso? * ~
19h20 (ele) - Foi goleada, mas a nosso favor!!! * ~
14h15 (ele) - Estamos a ganhar por 3-2. Mas sabemos que o árbitro vai inventar um penalti contra nós, e que a nossa equipa vai quebrar fisica/. Vamos ser goleados... * ~
14h54 (eu) - Metam + 1 ponta de lança, atirem-se p/ o chão p/ lá da linha, em último caso façam correr o guarda-redes p/ a baliza contrária! * ~
17h38 (eu) - Então? Foram a penaltis, ou n foi preciso? * ~
19h20 (ele) - Foi goleada, mas a nosso favor!!! * ~
Tenho tanto orgulho neste meu homem!
quinta-feira, maio 18, 2006
A vida no blog da vizinha...
... É sempre melhor que a minha.
E é por estas e por outras que ando muito mais comentadeira que posteira.
terça-feira, maio 16, 2006
Redundâncias
Cinco anos não é um mau ranking. Aguentei-me cinco anos sem cair na redundante tentação de levar à mesa o tão afamado hambúrguer com ovo a cavalo. Mas ontem os hambúrgueres lá estavam, solitários no congelador, só dois - pouco para ambos, o ideal para um, que cá em casa nunca somos... O pecado nutricional começou a tomar cor e forma, e acenava-me daquela gaveta muito abaixo de zero. Afinal, um dia não são dias e viver em permanente estado de virtude não tem piadinha nenhuma. Pequemos. Já meio-pecado circulava no micro-ondas, enquanto eu partia a casca a outro meio, quando o acaso se encarregou de me provar que há pecados que vale mesmo a pena cometer: de dentro da primeira casca vi saírem duas gemas! "P.! P.! P.! Vê bem isto! São duas!" Com os olhos no fundo da tigela, sorriu e concluiu: "Gémeos!". Fantástico! Nunca tinha visto o fenómeno de que falavam os livros de Ciências. Bananas pegadas vi muitas em miúda. Lembro-me de acordar no dia seguinte de manhã e gritar a quem as tivesse visto comigo: "Bom dia, Dona Filipina!" - o primeiro a fazê-lo via concretizado um desejo.
Boa tarde, Dona Filipina!
Fui eu! Hoje fui eu que gritei primeiro! E o meu desejo é...
Escapar ao castigo da redondância, que o pecado da redundância soube tão bem...
Sim, caíram do cavalo, eu sei...
segunda-feira, maio 15, 2006
Não deleto nada!
Não deleto, não deleto e não deleto! Nem forever, nem por um bocadinho! Olha agora a sugerir-me que apague (ou delete, em bom português) as extraordinárias dicas que me deu! Ora ponham-me os olhos AQUI, na ciência desta moça, no que toca à arte do desenrascanço! E o pior é que ela já sabia disto tudo quando tinha um só! Imaginem agora com dois!!! Coca-cola e batatas fritas?! Papel higiénico a seco?!
Está tudo ali, na minha barra do side (isto também no melhor português).
Agradecidíssima a todas as restantes contribuíntes pelos seus preciosíssimos comments (mais do melhor, na língua pátria).
Verbo preguiçar, no presente do indicativo
Eu preguiço
Tu preguiço
Ele preguiço
Nós preguiço
Vós preguiço
Eles preguiço
Um verbo defectivo, portanto...
quinta-feira, maio 11, 2006
A sopa ou o cabelo?
De arma apontada à consciência, perguntei-me:
- A sopa ou o cabelo?
Respondi-me:
- A sopa, claro. O cabelo pode esperar. Primeiro há que assegurar o equilíbrio nutricional do agregado. Faço a sopa.
Ainda bem que o Pedro me perguntou hoje se eu estava bem, porque lhe parecia que não. Ainda bem que me lembraste que eu não estava bem, Pedro, porque eu não tinha reparado... Tinha-me esquecido de me lembrar disso.
Pensando bem:
- O cabelo, claro.
quarta-feira, maio 10, 2006
9ºB(om)
Bom só, não. Muito bom. Excelente. Brilhante. Uma raridadde mais extraordinária que o trevo de quatro folhas. Foram uma turma única, inigualável, "os meus queridos meninos". Ainda hoje os trato assim, embora sejam já adultos. Já adultos?! Meu Deus! Foi a Ana que mo lembrou. Escreveu-me há dias pedindo-me que lhe assinasse a fita de final de curso. Tive vontade de fingir que não tinha recebido o mail, tive vontade de me esconder, como naquele dia de Junho, final de ano lectivo, quando os reuni numa sala de aula, para partilhar com eles bolo de chocolate, e oferecer crachats feitos por mim, alusivos ao "fenómeno 9ºB". Enquanto circulavam as fatias gulosas, virei-me para o quadro e rebentei num pranto incontrolável. A estratégia de discrição falhou. As lágrimas, os soluços, a baba e o ranho traíram-me. Capitulei, virei costas ao quadro e apertei com toda a força o primeiro que me ofereceu um abraço, enquanto repetia para dentro: "Não vos deixo ir! Não vos largo! Não vos quero crescidos! Vamos voltar a desmembrar Camões! Só mais uma vez, vamos gritar poesia no campo de jogos! Vamos, de novo, tratar por "tu" sujeitos e predicados! Vamos repetir a hipérbole de alegria que foram estes dois anos! Vamos continuar a brincar ao teatro muito a sério! Não vos quero no pretérito, ainda que mais-que-perfeito; quero-vos no presente! Não vos deixo ir!" Irracionalmente ocorreu-me o absurdo: chumbá-los a todos para os ter por alunos mais um ano. Só voltei a este estado de irracionalidade nestes últimos dezassete meses, quando a tenho ao colo, a minha filha, todos os dias de manhã, e desejo cristalizar para sempre aqueles momentos de aconchego. Não me levem a mal... É que vê-los crescer dói tanto...
Claro que te assino a fita, Ana. Dói, mas assino e fico tão feliz por ti...
terça-feira, maio 09, 2006
É só para dizer...
ODEIO O BLOGGER!
Desgraçado, filho da mãe, energúmeno, caganita de grilo, despenteado mental, cretino, imbecil, debeloide, desavergonhado, caricatura de verme!!!... Devolve-me o post que me roubaste!
(se me lembrar de mais acrescento)
sexta-feira, maio 05, 2006
Morangos sem Açúcar
quarta-feira, maio 03, 2006
Olhe... Vá à merdinha, sim?!
Foram estes os termos que me ficaram entalados na garganta. Não saíram. Ficaram entalados. Que pena tenho eu de não ser uma moça assim... mais... dada ao vernáculo.
Já aqui disse uma vez que não há coisa que me deixe mais baratinada do que a falta de sentido prático. Não gosto de gente que insiste em embrulhar-se-me aos pés! Apraz-me o tão afamado "desenrascanso" português. Irrita-me, até à insanidade, aquela figura a que o P. me ensinou a chamar de morcão. Então quando a morcandade resolve apresentar-se disfarçada de eficiência, eu entro em transe!
Foi assim: Com a R. encavalitada no carrinho do hipermercado, vai não vai para atirar-se lá de cima, já a atingir a fase crítica das sete da tarde, fiz as compras em total infracção das mais elementares regras de circulação mercantil - velocidade muito para lá de excessiva, travagens bruscas junto do arroz que ia escapando, inversões de marcha na curva do bacalhau, enfim... Chegada à caixa que me pareceu ter menos gente - não aprendo! - comecei a dispor as compras sobre o tapete. Nisto ouço:
- Olá, pequenininha! Tão queridinha! - com a R. já a fuzilá-la com os olhos - Tem soninho?
Nesta fase eu mantinha o sorriso. A menina da caixa continuava:
- Ai que sainha tão bonitinha! Queres mexer nos botõezinhos?
Aqui, a R. arremessou-lhe o equivalente a um rosnar canino. Eu mantinha-me impassível, já a levantar fervura por dentro, e com o sorriso a amarelar. Não, definitivamente a menina da caixa não entendia que eu estava cheia de pressa, que a R. estava prestes a entornar o caldo, e que, no meio de tanta ineficiência, aquela forma de bajular o cliente - com inhos, inhas, itos e itas por todo o lado - me estava a deixar em ponto de caramelo! A Pirralha desatou num pranto torrencial e crescente. A indolência personificada, no seu grau diminutivo, deixou-se finalmente impressionar mas manteve a estratégia de aproximação:
- A senhora não se importa que registe o pacotinho de arrozinho desta senhora - juro que era assim que ela falava! - e já faço a sua contita?
Anuí com a cabeça, já sem sorrir, acreditando que quem já tinha chegado até ali já não tinha mais nada para ver. ERRADO! Assim que as minhas compras começaram a rolar em direcção à caixa, a imbecilidade volta à carga:
- A pequinininha vai pagar as comprinhas da mãezinha com cartãozinho, vai?
Para atalhar conversa, pus-lhe o cartão multibanco à frente do nariz. De ar muito solícito, atira-me com a última:
- Licencinha - enquanto pegava no cartão - Ora... são 47 eurinhos!
Socorro! Tudo isto em câmara lenta como na TV, muito lenta, com as lágrimas da R. a condimentarem a cena.
- Adeusinho! - porque um filme de terror é assim mesmo.
- [título deste post] - repeti eu para dentro, muitas vezes seguidas, enquanto não me vi no parque de estacionamento.
terça-feira, maio 02, 2006
Das três, uma
ou
«O acaso vai-me proteger enquanto eu andar distraído.»
Tim (Xutos&Pontapés)
ou
«Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo.»
Provérbio popular
ou
A mãe é tão galinha que não lhe dá sequer oportunidade de se desequilibrar, e raramente se distrai.
porque
A verdade é que só aos 17 meses teve o primeiro acidente doméstico (até tenho vergonha de lhe chamar assim, que exagero!) - caiu da cama abaixo ao tentar descer de frente, como os crescidos, ao invés de descer de rabinho para o ar, como faz tão bem. Balanço: nada. Só umas lágrimas de mimo. Ofendida, fixou-me com os olhos fulminantes de reprovação,e eu achei que me perguntava: onde estava o acaso, ou Deus, ou tu?
Eu sei que não é bom protegê-la assim, eu sei que não devia... mas não consigo, é superior a mim, não consigo, a sério! Deixem-me!
segunda-feira, maio 01, 2006
Saudades
De papa maizena acabadinha de fazer, com uma casquinha de limão e uns desenhos a pó de canela... Ponha o dedo no ar quem sabe do que estou a falar.
P.S. Tu queres ver que não me deito hoje sem ir ali ter uma conversinha com o tacho?...
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