sexta-feira, abril 07, 2006

Os dias "menos". Os dias "mais".

Um psiquiatra espanhol, residente em Nova Iorque, lança hoje no nosso país um livro sobre os benefícios do optimismo. Garante o senhor que 30% do nosso optimismo é genético, o restante vai sendo aprendido ao longo da vida, condicionado por uma série de factores. Concluí que, ou tenho muita sorte, ou sou muito boa aluna.
Há quem veja a vida só com dias "menos", há quem a veja apenas com dias "mais", há quem lamente dias a menos, e quem os considere todos demais.
Pessoalmente, não me identifico com nenhum destes grupos. Não sou pessimista, mas, em contrapartida, o espírito Wireless não tem nada a ver comigo - gosto de me manter ligada à terra, de preferência por meio de um cabo, que o fio pode partir. Não sou, portanto, sibila da desgraça, mas também não sou menina de construir castelos no ar.
Alguns dos que se revêem nas minhas palavras poderão pensar: "Pois, exactamente como eu. Não sou optimista, nem pessimista. Sou realista, isso sim." Sim? Não. Não há como nos mantermos em terreno neutral numa questão como esta. Não vale fugir com o rabinho à seringa e dizermos que somos "realistas", como que a querer dizer que temos uma visão prospectiva, futura, do mundo absolutamente objectiva e imune ao positivismo e negativismo que carregamos. Dizermo-nos "realistas", só porque aquelas que são as nossas expectativas se concretizam com muita frequência, é uma espécie de batota. Concretizando: se alimento expectativas de ver o meu clube perder uma eliminatória da Liga do Campeões Europeus, isso não faz de mim uma mulher "realista" (mesmo que, em termos matemáticos, a probabilidade de isso acontecer fosse elevadíssima). Prever um inêxito, que acaba realmente por se concretizar, não faz de nós indivíduos "realistas", o que acontece é que nos revelamos pessimistas com tendência para acertar. Não há como ser realista no domínio da prospecção, pelo simples motivo de que ninguém domina a realidade futura. Queiramos ou não, a forma como perspectivamos a nossa vida implica um posicionamento optimista ou pessimista face ao futuro. E, se ser "realista" é criar expectativas de acordo com probalilidades puramente matemáticas, abstraíndo-nos da nossa subjectividade, enganamo-nos de novo, porque a probabilística falha - e muito mais vezes do que os números fazem crer.
Pergunta-me agora a freguesia: então, se não és optimista, não és pessimista e realista também não, és o quê afinal, pá? Sou uma opsimista, pois! Sou daquelas que, não vivendo no mundo da lua, como optimista crónica e alienada, também não vejo sempre o diabo atrás da porta. Pertenço àquela estirpe dos que acreditam que, no meio da desgraça (que tem mesmo de acontecer), entre mortos e feridos (que terão mesmo de aparecer), alguém há-de escapar... E eu estarei certamente entre os que escapam, eu sei.

9 comentários:

a mãe dos miúdos disse...

eu sou assim, opsimista! mas, quando acontecem as coisas, preciso sempre de um dia para chafurdar na desgraça, depois é bola para a frente que atrás vem gente!

Joana disse...

Depois de ler este teu post, eu cheguei a uma conclusão (e não leves a mal o que vou dizer): tu, no fundo, és pessimista, porque só um pessimista vê o optimismo como sinónimo de construir castelos no ar e andar na lua. :)
Ser optimista não é só esperar o melhor mesmo das piores situações, é olhar para tudo pelo seu lado bom, pelo prisma do "podia ser pior", na perspectiva que de todas as situações, mesmo as muito más, podemos tirar coisas com valor.
Castelos no ar, faço alguns, mas não vivo num conto de fadas e sei-o; sou, no entanto, optimista. :))
E um bom dia para todas!
*

Flores disse...

Eu optilista me confesso. Sim, optilista. Que não quero mistas nenhuns imiscuídos nos meus dias. Que mistas tanto fazem parte dos opti como dos pessi.

dia-a-dia disse...

Ai, meninas! Tiraram o dia para me pôr a cabeça em água foi?!

:))))))))

Francisca disse...

Eu não sei muito bem...
Depende dos dias.

Jolie disse...

Olha eu fiquei tão baralhada que já nem sei o que sou!

A única coisa que sei é que não sou pessimista!

Beijos

LP disse...

Olha eu não sou optimista, nem pessimista, nem opsimista, nem optilista, nem nada: PRONTO!

Raquel disse...

Ai...a minha cabeça deu um nó!!!
Os homens é que têm razão!
Somos mesmo um bicho complicado...
Eu sei lá o que sou...depende dos dias...e de para onde estou virada!
Mas não me dedico ao que corre mal durante muito tempo...dá muito trabalho, cansa-me a alma!
Beijo

S.A. disse...

E agora diz-me lá uma coisa...

Numa sexta feira, depois do almoço, tu achas que eu tenho capacidade para assimilar tudo o que aqui escreveste??

Achas??

;p