Muito estranho até... Intrigou-me mesmo este anúncio, primeiro no canto inferior direito da primeira página e mais à frente em formato garrafal, num matutino da freguesia.
Primeira reacção: Olha, trocaram as horas... Isto está mal. Queriam dizer das 08h00 às 20h00, de certeza...
Segunda reacção: Alto! Espera lá... “Cantinho do Soninho” das oito da matina até à hora do jantar?!...
Terceira reacção: Mas já existe disto?!
Quarta reacção: Mas este depósito de fraldas com rabinhos dentro serve que clientela? Alguém larga uma criança numa cama estranha, à noite, para ir ao cinema? Poderão um pai e uma mãe ter horário laboral nocturno, em simultâneo, para justificar semelhante barbaridade? Neste “Cantinho do Soninho” também vale chorar muito, muito até conseguir uma boleia na cama da... educadora? Neste ninho de carinho e amor, conseguirão o prodígio de disponibilizar uma mama – atenção que eu não escrevi mamã! - de duas em duas horas, que console um chorão militante? Ai há “pessoal especializado em ternura e amor?! Os especialistas em ternura e amor não se chamam “mãe” e “pai”?! Ai não? Olha... pensava que sim...
Só uma recomendação: com muita ternura e amor, corrijam lá o erro de acentuação no anúncio, sim? É que o domínio dos rudimentos da língua pátria fica sempre bem, em regime diurno e nocturno...
ADENDA/SUGESTÃO: Ora leiam lá com muita atenção o comentário da sophie a este post, enquanto não tenho tempo de escrever algo mais sobre o assunto...
15 comentários:
não esquecer que há famílias monoparentais em que o progenitor tem que trabalhar de noite para ganhar mais. e que há famílias biparentais (?) cujos progenitores trabalham ambos por turnos.
infelizmente.
(aquela do "qualquer idade" é que não engoli...)
Querida Inês,
Nããã... Olhe que nããã... Achas que são mesmo esses que vão lá largar as crianças? Aposto que não...
É tão bom ver-te de volta!!! :D Vou já, já ao teu canto! Até já!
;)
Hummm... a Inês tem alguma razão...
E há pais que poderão usar esse serviço como babysitting por umas quantas horas...
Será que tem clientela?!
hmm, epá, para mim será sempre duvidoso.
Mas olhem lá! É quase 1 da manhã e os comentários pingam como se estivéssemos em horário nobre?! Está tudo com a espertina, é? Vamos lá a lavar os dentinhos, xixi e cama! Ai, ai, ai as meninas!
;)
oh pra mim aqui ainda :p
:)
Beijos
concordo com a inês... eu propria já desesperei por um infantário assim, e cada vez farão mais falta, penso eu... cada vez há mais profissões com horários around the clock (médicos, enfermeiros, auxiliares, gasolineiras, empregadas de limpeza, policias - e ladrões, etc, etc) se infantários houvessem com qualidade pelo menos similar aos de horário "normal" mas com funcionamento nocturno, nestes tempos de famílias tão diversas, em que a instiutição avós (ou tios, ou madrinhas, ou...) já está em risco de extinção... enfim... comentário longo que quase dava um post :)
Causa-me alguma desconfiança. Não é por nada, mas lembra-me um depósito de crianças quando os papás querem dormir... Não sei, posso estar errada...
Beijinhos!
Não me parece que seja o primeiro.
Há uns meses vi uma reportagem sobre um infantário que abria também à noite, numa terriola qualquer (não grande cidade).
Viam-se os pais a ir buscar os meninos embrulhados em cobertores, ainda durante a noite. Não me parecia que viessem do cinema...
Não quero errar, mas acho até que era uma instituição pública (gerida pela junta de freguesia, talvez).
Ainda assim, choca-me que estas coisas sejam "necessárias". Acho que não é este o caminho.
Desculpe, não resisti a comentar este post.
Sou formada em Educação de Infância, optei por trabalhar em casa, ou seja, recebo os meus meninos em casa, podem chamar-me baby-sitter, ama, o que quiserem.
Neste momento tenho 4 meninos com idades dos 16 meses aos 4 anos. O meu horário normal é das 7h às 20h. No entanto, Disponibilizo-me para ficar com eles à noite, o que já aconteceu muitas vezes. Não posso dizer que sei o motivo de todos os pais que me pediram o serviço noturno, mas sei o de alguns. TRABALHO.
Primeiro: Infelizmente estamos numa altura em que deixar de trabalhar para ficar com uma criança em casa, é praticamente impensável.
Segundo:Concerteza que aqueles pais não queriam assim. Deve ser díficil deixar um bebé a dormir de noite em casa de outra pessoa, fora do aconchego da sua cama, do colo dos seus pais, mas quando se trata de ganhar para viver, não há outra hipotese. Sei, que se os pais me deixam os meninos por esse motivo, é porque não têm nem avós, nem tias, nem qualquer outro familiar ou amigo que fiquem com eles. Sei que é o último recurso. Sei que é porque confiam em mim.
Terceiro: Não me sinto nada capaz de substituir o amor, e a ternura de um pai e de uma mãe para com o seu filho. Mas tenho, sem dúvida, muita ternura e muito amor para lhes dar. Escolhi esta profissão com o coração!
Quarto: Os meus meninos choram à noite. Já levei muitos deles para a minha cama!
Mamas para os bebés não tenho, como é óbvio, mas tenho a disponibilidade e o gosto de lhes ir fazer um biberão às tantas da manhã, de duas em duas horas, de três em três, a toda a hora, e toda a noite se for preciso.
Quinto: Sou uma especialista em ternura e amor para os meus meninos. E não há cá ninguém que me diga que não! Para se ter esta profissão, É PRECISO saber-se amar os filhos dos outros. É PRECISO saber-se dar ternura e amor a uma criança que não é do nosso sangue. Não sou a mãe deles, mas amo-os. Não os amo como o pai e como a mãe, naturalmente. Nem eles a mim. Mas garanto-lhe que os amo com tudo aquilo que posso. Que lhes dou ternura, carinho, e amor. Muito. E que por isso, tenho e sinto a adoração por parte dos meus meninos. E a confiança dos seus pais em mim.
Sexto: Esse serviço é sem duvida, muito útil para muitos pais, pode ter a certeza. Há dias um noticiário fez referência a um infantário que fechava à meia noite, todos os pais apoiavam. Era numa vila pequena, com pessoas sem muitos recursos, onde não tinham outra hipotese senão ter de deixar lá as crianças até depois da hora de jantar, porque o trabalho acabava tarde, e é preciso trabalhar para quando, à meia noite, forem buscar os filhos, terem em casa papa e fraldas para lhes dar.
Peço desculpa pela invasão mas não resisti, sou leitora de babyblogs no entanto matenho-me em silêncio, mas num post deste, tinha de comentar.
Não gosto da ideia errada que têm das educadoras de infância, eu sei que há muitas que até podem não ser as melhores. Mas também há aquelas capazes de amarem uma criança, seja de dia ou de noite! E os pais, sabem ver quais são umas, e outras, garanto-lhe.
Eu sei que a sua referência não foi propriamente às educadoras, mas sim ao facto de ser de noite. Mas lembre-se, às vezes É NECESSÁRIO. Há pais que não têm mesmo outra hipótese. Oxalá a senhora nunca precise de um serviço destes!
Desculpe o testamento.
Um beijo para si e para a sua filha.
Felicidades
Joana Mendes
Agora até me ri, porque Acabei por escrever noturno... mas cá estou eu com muita ternura e amor a corrigir: Nocturno! :)
Bjs
Podemos passar horas a discutir "aspectos" deste texto, mas que ele vale por pôr o dedo na ferida, vale.
Uma ferida chagada e pouco limpa, que gangrena lentamente a esperança numa sociedade estruturada e segura sobre o amor de uma família.
(E tanto haveria para dizer sobre "sociedade", "estrutura", "segurança", "amor" ou "família"...)
Fico-me pela evidência de que nada na vida tem valor potencial. Nada.
Nem mesmo o amor. Que quando não realizado (por impotência ou impossibilidade) não planta e não colhe.
E esses são muitos dos alunos que eu conheço. Os "semi-amados".
Culpas a quem?...
Por favor, mais essas, não a mim.
ó Silvia! Não sejas "má". Acredita que há mesmo quem precise de locais destes (se existissem). E é mesmo muito complicado o tema. Só quem os tem que deixar á noite é que entende (eu não tenho, e desconfio que não teria coragem para o fazer, mas por vezes é mesmo uma questão de necessidade)
Bjs
(olha lá? as aulas ainda não acabaram?)
Olá,
Só para acrescentar: sou enfermeira, casada, tenho uma filha e tenho horário fixo (leia-se normal). Se por acaso me divorciasse ou ficasse viúva, teria de voltar a trabalhar por turnos para me sustentar e, provavelmente, em dois empregos. Não tenho família por perto. Quem ficava com a minha filha de noite???
Casos como esta hipótese que te ponho, conheço, infelizmente, muitos. E ainda bem que há quem fique com os nossos filhotes de noite...
Cumprimentos
Sandra
Será que alguém me vai ler, a esta distancia deste post?...
Segui o conselho e li o comentário da Sophie. Também eu vi a tal reportagem com os pais a irem buscar os filhos ao infantário às tantas da manhã... tratava-se de uma aldeia onde toda, ou quase toda, a população trabalhava numa fábrica com horários rotativos. Como se tornava impossível encontrar alguém para ficar com os filhos uns dos outros, resolveram criar o tal infantário.
Assim os pais podiam ir trabalhar noo único emprego que iriam ter ao longo das suas vidas a saber que os filhos estavam seguros e bem entregues.
Extraordinário, não?
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