Tanto dava, que já deu! Cá vai...
Ai o que eu detesto ter de prestar esclarecimentos sobre um post já escrito! Não por quem comenta, que merece todos os esclarecimentos e mais alguns, mas por mim. É sinal de que não me fiz entender, propiciei equívocos, baralhei as cores na tela.
Primeiro esclarecimento: Eu sou mãe e nunca teria a minha filha numa creche, se pudéssemos viver do vencimento do homem da casa.
Segundo esclarecimento: Eu sou mãe e chorei baba e ranho no dia em que a deixei com uma educadora FENOMENAL, tinha ela 5 meses.
Terceiro esclarecimento: Eu sou mãe e faço questão de lhe aturar a terrível e tão temível birra das 6 da tarde, quando podia perfeitamente ir buscá-la à creche só às 18h30 e fazer as compras no supermercado descansada e com o carrinho muito mais leve e discreto (porque ela grita mesmo, quando tem sono!)
Quarto esclarecimento: Eu sou mãe e sei perfeitamente da facilidade com que alguns pais de hoje descartam os filhos. É por estas e por outras que entendo perfeitamente que o colégio da minha filha se tenha visto na necessidade de subir escandalosamente o valor do suplemento a pagar por cada hora extra que as crianças lá ficam, para lá das 19h00. E quem tomou esta decisão sabe perfeitamente que uma boa parte dos pais "infractores" não tinha motivo de força maior que justificasse a demora. Para além de mãe, sou professora e só eu sei da ginástica que tenho de fazer para conseguir trazer à escola os pais demissionários - não, não falo dos pais com horário laboral complicado! Falo de pais que me dizem descaradamente, assim que os apanho, que desistiram e limitam-se a pedir-me, quase de joelhos, que mantenha os filhos entretidos na escola, para não irem disparatar lá para fora! Muitos deles são pais a quem o dinheiro não falta e se estes miúdos tivessem nascido doze anos mais tarde, seriam clientela certa de um qualquer "Cantinho do Soninho", podem crer! Podem dizer-me: "Olha, se calhar estavam melhor do que com pais assim!". Pois... e a nossa consciência estaria melhor? A minha não. Entendo que há situações pelas quais nos tornamos responsáveis a partir do momento em que resolvemos alimentá-las.
Quinto esclarecimento: Eu sou mãe e penso TODOS OS DIAS nas mães e pais que, cheios de mágoa e sentimento de culpa, não conseguem o privilégio de assistir ao crescimento dos filhos, porque os há! Ai há, há! Mas felizmente ainda são excepções. Posso dizer-vos que, em 11 anos de actividade docente, NUNCA apanhei um caso assim, em que o pai e a mãe tenham trabalho nocturno em simultâneo, e não, não dou aulas a privilegiados de colégios, muito pelo contrário - tenho corrido escolas ditas de "intervenção prioritária", entenda-se: com meninos do pior que há! O mais comum é que, não podendo a mãe deitar o bebé às 20h30, o pai o possa fazer, ou a vizinha, ou o irmão mais velho. Triste mesmo é que o nosso meio laboral, aos bocadinhos, como quem não quer a coisa, comece a empurrar cada vez mais gente para este drama dos "pais a prazo". Como professora, vou assistindo aos efeitos deste discreto fenómeno e posso assegurar-vos que o que vou vendo é muito feio! Poderão dizer-me então que este é um mal necessário. Pois sim, mas como mal necessário que é, não o banalizem!!! A verdade é que, idealmente, toda a criança devia estar com a mãe até aos 2/3 anos, não desfazendo na competência da maior parte dos profissionais que delas tratam nas creches (e eu posso falar-vos de cátedra sobre a competência da R., da O. e da F., educadora e auxiliares que tratam da minha filha!). Se isto se aplica aos infantários ditos normais, diurnos, o que dizer desta atrocidade dos infantários nocturnos?! A verdade, diga-se o que se disser, é que não deviam existir. Só a ideia arrepia-me! Se uma criança não pode de todo em todo passar a(s) noite(s) com nenhum dos pais (o que, repito, continua a ser felizmente uma excepção), procure-se um meio o mais próximo possível do familiar ou o serviço personalizado de um(a) profissional de confiança... não sei... digo eu... e isto sou só eu a pensar...
Ai o que eu detesto ter de prestar esclarecimentos sobre um post já escrito! Não por quem comenta, que merece todos os esclarecimentos e mais alguns, mas por mim. É sinal de que não me fiz entender, propiciei equívocos, baralhei as cores na tela.
Primeiro esclarecimento: Eu sou mãe e nunca teria a minha filha numa creche, se pudéssemos viver do vencimento do homem da casa.
Segundo esclarecimento: Eu sou mãe e chorei baba e ranho no dia em que a deixei com uma educadora FENOMENAL, tinha ela 5 meses.
Terceiro esclarecimento: Eu sou mãe e faço questão de lhe aturar a terrível e tão temível birra das 6 da tarde, quando podia perfeitamente ir buscá-la à creche só às 18h30 e fazer as compras no supermercado descansada e com o carrinho muito mais leve e discreto (porque ela grita mesmo, quando tem sono!)
Quarto esclarecimento: Eu sou mãe e sei perfeitamente da facilidade com que alguns pais de hoje descartam os filhos. É por estas e por outras que entendo perfeitamente que o colégio da minha filha se tenha visto na necessidade de subir escandalosamente o valor do suplemento a pagar por cada hora extra que as crianças lá ficam, para lá das 19h00. E quem tomou esta decisão sabe perfeitamente que uma boa parte dos pais "infractores" não tinha motivo de força maior que justificasse a demora. Para além de mãe, sou professora e só eu sei da ginástica que tenho de fazer para conseguir trazer à escola os pais demissionários - não, não falo dos pais com horário laboral complicado! Falo de pais que me dizem descaradamente, assim que os apanho, que desistiram e limitam-se a pedir-me, quase de joelhos, que mantenha os filhos entretidos na escola, para não irem disparatar lá para fora! Muitos deles são pais a quem o dinheiro não falta e se estes miúdos tivessem nascido doze anos mais tarde, seriam clientela certa de um qualquer "Cantinho do Soninho", podem crer! Podem dizer-me: "Olha, se calhar estavam melhor do que com pais assim!". Pois... e a nossa consciência estaria melhor? A minha não. Entendo que há situações pelas quais nos tornamos responsáveis a partir do momento em que resolvemos alimentá-las.
Quinto esclarecimento: Eu sou mãe e penso TODOS OS DIAS nas mães e pais que, cheios de mágoa e sentimento de culpa, não conseguem o privilégio de assistir ao crescimento dos filhos, porque os há! Ai há, há! Mas felizmente ainda são excepções. Posso dizer-vos que, em 11 anos de actividade docente, NUNCA apanhei um caso assim, em que o pai e a mãe tenham trabalho nocturno em simultâneo, e não, não dou aulas a privilegiados de colégios, muito pelo contrário - tenho corrido escolas ditas de "intervenção prioritária", entenda-se: com meninos do pior que há! O mais comum é que, não podendo a mãe deitar o bebé às 20h30, o pai o possa fazer, ou a vizinha, ou o irmão mais velho. Triste mesmo é que o nosso meio laboral, aos bocadinhos, como quem não quer a coisa, comece a empurrar cada vez mais gente para este drama dos "pais a prazo". Como professora, vou assistindo aos efeitos deste discreto fenómeno e posso assegurar-vos que o que vou vendo é muito feio! Poderão dizer-me então que este é um mal necessário. Pois sim, mas como mal necessário que é, não o banalizem!!! A verdade é que, idealmente, toda a criança devia estar com a mãe até aos 2/3 anos, não desfazendo na competência da maior parte dos profissionais que delas tratam nas creches (e eu posso falar-vos de cátedra sobre a competência da R., da O. e da F., educadora e auxiliares que tratam da minha filha!). Se isto se aplica aos infantários ditos normais, diurnos, o que dizer desta atrocidade dos infantários nocturnos?! A verdade, diga-se o que se disser, é que não deviam existir. Só a ideia arrepia-me! Se uma criança não pode de todo em todo passar a(s) noite(s) com nenhum dos pais (o que, repito, continua a ser felizmente uma excepção), procure-se um meio o mais próximo possível do familiar ou o serviço personalizado de um(a) profissional de confiança... não sei... digo eu... e isto sou só eu a pensar...
NOTA: Sim, eu tenho conhecimento da creche/jardim infantil da TAP, que é um feliz exemplo de prestação deste tipo de serviço. Ainda bem que há excepções que vão sendo acauteladas com qualidade. Também sei que são rigorosíssimos no processo de admissão de crianças. Não há lá batotas!
18 comentários:
Exactamente... Por isto, e por também ser professora, comentei que me causava alguma desconfiança... Infelizmente, é comum chegar ao fim do ano lectivo sem conhecer alguns pais, quanto directora de turma. Isto quando até lhes telefono para casa e me disponibilizo para falar com eles em horário que lhes convenha!! Há pais assim, é uma realidade, infelizmente. Transtorna-me.
Claro que existem casos em que ambos os pais têm horário nocturno. Eu nunca conheci nenhum caso, mesmo nunca tendo trabalhado em escolhas privilegiadas... mas há-os, sem dúvida... são é muito poucos. E se calhar não são os que recorrem a esses serviços, pois, como bem disseste, procuram a ajuda de alguém.
Beijocas!
Boas!
Como sabes também sou professora, dos privilegiados de colégios como lhes chamas. Mas mesmo nesses, volta e meia, quando preciso que algum pai venha ao colégio, ainda ouço "espero que tenha um bom motivo para me fazer vir aqui perder o meu tempo". Felizmente são poucos...
Por isso digo que sendo a realidade dos teus alunos tão diferente da dos meus, ainda há muitos pontos onde elas se tocam.
Não me admirava muito se daqui a uns tempos esse tipo de instituição estivesse perfeitamente banalizado, o que lamento muito...
eu falei no caso das famílias que têm realmente que arranjar quem fique com as crianças porque as conheço...várias, infelizmente.
trabalhei durante vários anos num bairro social e deparei-me com situações em que mulheres carenciadas, necessitadas de um emprego para subsistir, não o conseguiam arranjar tão somente porque as únicas oportunidades que tinham eram em horário nocturno ou por turnos. na cidade em que trabalhei chegou-se a falar na possibilidade de a câmara municipal avançar com um projecto desse género.
(é claro que não sou ingénua e que sei que há muito quem prefira um belo cinema ou uma noite bem dormida mesmo que o seu filho tenha que ser embalado pelas mãos de um estranho...)
(obrigada por me fazeres pensar no assunto, uma vez mais)
(De repente, lembrei-me duma teclice, uma mãe, aliviada, a dizer a outra que a filha se deu lindamente na creche logo no primeiro dia. Já passou...1 ano.)
Embora perceba a Inês, a verdade é que até pelo próprio aspecto do anúncio, o nome ("Cantinho do Soninho" , tão irritantezinho), o aparecimento no jornal, me parece que o público alvo não é esse que não tem a quem deixar os meninos e trabalha de noite. Nem sequer deve haver "mensalidades", como a Nádia disse. Deve ser tudo avulso, o que ainda soa pior.
Querida Francisca,
É verdade. Não esqueci... nem o êxito, nem o sofrimento sem medida...
;)
Nada a acrescentar... já é quase uma da matina (parece que virou moda! :p)
Beijos!
(ai e se eu pudesse ficar com os meus pelo menos o primeiro ano... ai ai)
Nem mais!
Sou mto crédula, ou romantizo demasiado, mas se visse um anúncio desses nunca me passaria pela cabeça todas essas possibilidades. Assumiria o mesmo q a Inês, certamente.
Concordo com o que escreveste.
E continuo a achar que não é este o caminho!
O ajustamento que corrija este desequilíbrio (entre horários de pais e horários de crianças) deve ser feito do lado das entidades patronais e do Estado e não através de "cantinhos" como este, de alargamentos de horários, actividades de fins-de-semana nos infantários ou o diabo a sete.
Eu conheço um casal em que trabalham os dois por turnos e que por vezes vão buscar o filho às 10/11 da noite. Toda a gente sabe que hoje em dia o mercado de trabalho está muito mau, e as pessoas não se podem dar ao "luxo" de fazer exigencias, logo concordo com este tipo de soluções, mas só para quem vá realmente trabalhar e tenha como justificar (tipo uma declaração da entidade patronal).
E eu estou com a Flores... sinceramente quando li o anuncio não me ocorreu mais nada que não fosse a necessidade de pais que trabalhem á noite (pq conheço muitos, apesar de achar q já deveriam ter mudado de vida. Mas lá está, não acho q a coisa lá vá com declarações de entidades patronais. Passa pela consciência de cada um.
Vou voltar a falar do caso que conheço, o casal não tem família com quem deixar o filho (o menino esta numa ama, que por acaso é mãe de um outro amigo nosso) o que fariam se por algum motivo também deixassem de poder contar com essa ama, despedia-se um? E depois? Passavam fome? (atenção que estou a falar de um casal que ganha pouco)
realmente eu sou uma sortuda!!
tenho os meus 2 filhos em casa comigo!!!
em relaçao a esse assunto é muito discutivel nao percebemos ao certo a quemse dirige esse anuncio
Não sou professora, muito menos mãe. Mas sou filha de uma ex-professora (graças aos céus, já reformada) e revejo todo o post nos últimos anos em a minha mãe exerceu a árdua tarefa de tentar educar os filhos de outros, e eu a ia ajudar, nas minhas tardes livres, a aturar as pequenas pestes.
O mau comportamento das crianças "cresceu" imenso nos últimos anos, precisamente desde que os pais descartaram os filhos para quem "não tem mais nada que fazer".
Tenho pena. Há aqueles que querem por tudo ser pais. Há aqueles que morrem por dentro por não poder estar com os filhos. E há estes, que se tentam livrar deles.
Aproveito e deixo os meus sinceros parabéns pelo blog.
Paula
Ai conheço alguns pais que iam adorar ter os filhos neste infantário e no diurno :-((
Percebi perfeitamente onde quiseste chegar com o post anterior :-), há pais que precisam, mas esses são uma minoria...os que se esticam nos horarios pós-laboral em cada 10, 2 é por trabalharem os outros, nem comento!!
Bem, eu nem sabia que havia infantários ou lá o que é nocturno.
Ainda estou a digerir tal coisa.
Bjs
Não vi o post anterior, fico-me por este que esclareceu tudo. Desculpa a intromissão.
Desconhecia, ou n queria acreditar, nesse "despachar" de crianças.
O que eu chorei para a deixar c/ a minha sogra... (um estagio pré-creche). Há quem simplesmente n queira?! Prefiro mesmo n saber!
Enviar um comentário