segunda-feira, julho 17, 2006

Standby


Finalmente, férias. Não de malas aviadas, ainda, mas com o trabalho pelas costas, isso é certo! E este, para mim, sempre foi o verdadeiro encanto das férias: tanto me fazia lá se me impingiam uma colónia de férias em praias de nevoeiro muito mais que matinal, ou uns dias no Algarve com as tias. O verdadeiro gostinho a férias vinha da mochila atirada nem queria saber para onde, e das promessas desesperadas e depois esquecidas de um novo ano muito mais chegadinho ao trabalho. Porque eu conheço um prazer a que poucos se sabem entregar, aquele luxo que é para tantos um tédio, a mais sublime das ocupações que é a ausência pura e simples de ocupação. ADORO! Desde miúda, tenho por pecado capital a preguiça. Era capaz de passar todo o tempo que me concedessem com o olhar perdido no vazio, gozando o ócio. Lembro-me de ter dez anos e de levar ao extremo o exercício de não fazer nada. Era um exercício exigente, sim, porque "nada" era mesmo NADA. Procurava atingir um estado de abstracção tal que, se desse por mim a pensar, já o exercício saía logrado. Pensar também estava proscrito, na lista do que não se podia fazer, porque a única coisa que me permitia fazer era não fazer nada. Enfim... luxos de que a adolescência se despediu e que a maternidade parece ter roubado por completo. Quem sabe se a "meia idade" me devolve um dia este meu espólio? Pode ser...


Dê para onde der, a mochila está para ali, atirada.

3 comentários:

LP disse...

Inveja, muita inveja...

a mãe dos miúdos disse...

também tinha esse vício. e que saudades...

Jolie disse...

Hoje é o meu dia oficial de não fazer nada! Ou pelo menos quase :p

Boas férias!!!