Sim, inventei. A palavra não existe. Mas posso explicar como nasceu o neologismo. Explicar, não. Vou mostrar. Conseguem ver a falha de coloração a meio do livro, junto à margem direita? Não, não é problema tipográfico. Não é uma mera falha de coloração. É uma dentada a sério. Com mais atenção é mesmo possível reconhecer o recorte de quatro incisivos e dois caninos. Este quero guardar para a posteridade, para contar um dia à minha devoradora de livros como foram os primeiros anos deste amor pelas páginas encadernadas. Devora livros, em sentido literal e figurado. É a primeira coisa que faz de manhã: agarrar-se a eles, folheá-los com uma ansiedade semelhante à de Gama chegando à Índia, e suplicar que lhe descrevamos as imagens que ela vai apontando. Por vezes, o insólito acontece: o amor puramente platónico, esta bibliofilia, deixa de satisfazer e torna-se físico, carinhosamente revelado à dentada. Qual será, amanhã, o "prato do dia"?
6 comentários:
Eu tenho um desses lá em casa - o irmão é que começa a não achar graça...
Ehehehe!
Está-lhe nos genes!
Quem sai aos seus...
:D
tenho uma que dorme agarrada aos livros... mas ainda não tentou comer nenhum ;)
Ahhh... então era esse o nome da minha filha há uns tempos atrás!
:p
(por acaso deste-me uma boa ideia... vou ali por um livrinho de parte e já volto!)
Dentes fortes e gengivas saudáveis :)
no livro comemorativo dos 40 anos da D. Quixote (e que tem 40 contos sobre o número 40) aparece um conto sobre um bibliófago. Exactamente o que estás a pensar: um homem que devorava (literalmente) livros. A paixão dele era tão grande que só se satisfazia assim... regra geral comprava um livro e só o comia em casa mas, já no final da sua vida, não conseguia resistir e chegava a comê-los nos sítios onde os comprava!
Espero que a tua filha não chegue a tanto ;)
Enviar um comentário