
Eu nunca tive um cão. Agora tenho uma filha. Pavlov teve filhos, mas só entendeu o que é o comportamento condicionado com um cão. Para o efeito, tanto faz. Vejamos:
1º Na agitação do adormecer ou na euforia do despertar, sem querer, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama ;
2º A mãe, ouvindo o barulho da chucha, vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chuchinha;
3º Na agitação do adormecer ou na euforia do despertar, sem querer, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;
4º O pai, ouvindo o barulho da chucha, vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chuchinha;
5º Na agitação do adormecer ou na euforia do despertar, sem querer, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;
6º A mãe, ouvindo o barulho já familiar, vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chucha;
7º Na euforia do despertar, de propósito, a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;
8º A mãe ( ingénua,benevolente e de olho naquela horinha que ainda deve à cama) vai ao quarto da Pirralhita e dá-lhe nova chuchinha;
9º Na euforia do despertar, de propósito (de olho naquela horinha que seria da mãe), a Pirralhita atira a chucha para fora da cama;
10º A mãe (ainda ingénua, já menos benevolente, mas ainda de olho na tal horinha) vai ao quarto da Pirralhita e enche-lhe a cama de chuchas;
11º Na euforia do despertar, de propósito (sempre de olho naquela horinha que talvez não seja da mãe) a Pirralhita atira uma chucha para fora da cama;
12º A mãe (ainda ingénua, já pouco benevolente e ainda de olho na tal horinha) começa a contar, no conforto dos lençóis e da sua esperteza saloia: "E vai uma...";
13º Na euforia do despertar, de propósito (sempre de olho naquela horinha que não há-de ser da mãe) a Pirralhita atira mais uma chucha borda fora;
14º A mãe (despojada de quase toda a ingenuidade e benevolência, e a ver mal parada a tal horinha) continua a contar: "E vão duas...";
15º Na euforia do despertar, de propósito (sempre de olho naquela horinha que garantidamente não há-de ser da mãe) a Pirralhita entrega ao vazio outra chucha;
16º A mãe (despedindo-se da ingenuidade e benevolência, certa de que o sono continua, mas só à noite) acaba de contar: "E vão três!..."
17º Na euforia do despertar, de propósito (já a ver chegar a desejada horinha que afinal é sua) a Pirralhita atira com a última chucha;
18º A mãe, irremediavelmente benévola, lá vai à colheita das chuchas, para gáudio da Pirralhita, a bater com os pés e mãos;
19º O pai junta-se à festa;
20º Na manhã seguinte é certo e sabido: nem sequer vira o disco - toca o mesmo...