Bom... o diálogo, quase monólogo, foi telefónico.
A voz atendeu:
- Centro de Saúde de tal. Diga.
- Boa tarde, minha senhora. Venho marcar a consulta dos 6 meses para a minha bebé...
- Quando veio a última vez? - como quem diz "Vamos ver o que me apetece fazer pelo teu caso".
- A última consulta foi a dos 5 meses, minha senhora...
Aqui vi o meu discurso cortado à faca:
- A DOS 5 MESES NÃO FOI DE CERTEZA! Só há consulta do nascimento, 1 mês, 3...
- Minha senhora, foi a dos 5 meses, porque fiquei em lista de espera. Não havia consultas que dessem com os 3 meses da minha filha...
Silêncio muito breve, a arranjar fôlego para a próxima rajada:
- Venha amanhã - a ordem foi militar.
- Amanhã não posso, minha senhora...
Mais uma facada na minha impertinente diplomacia:
- NÃO PODE???!!! É DA SAÚDE DA SUA FILHA QUE SE TRATA!
- Eu explico, minha senhora...
- NÃO! NÃO É A MIM QUE TEM DE EXPLICAR! A MIM NÃO TEM DE EXPLICAR NADA!
Não tive alternativa. Ou subia o tom de voz, ou jamais lhe cilindrava o discurso. Cresci:
- Não, não, minha senhora! A senhora cumpre o seu papel - espero que bem... - e eu faço questão de cumprir o meu! Passo a explicar: sou professora e estou a preparar alunos de 9º ano para irem a exame nacional. O Ministério da Educação autorizou, a título excepcional, aulas suplementares, já calendarizadas, na tentativa de compensar um início de ano conturbado. Se falto a uma destas oito aulas, os alunos não voltam a beneficiar de qualquer outra forma de apoio antes do dito exame...
De novo à facada, uns decibéis abaixo:
- Bom... se perfere tratar dos filhos dos outros a tratar dos seus...
Filhos dos outros???!!! Ela disse "filhos dos outros"???!!! Não respondi:
- Minha senhora, pode ser que um dia tenha a sorte de serem seus os "filhos dos outros" que tenho a meu cargo...
Pois não... não foi exactamente assim que respondi, mas tenho tanta pena...
4 comentários:
Gabo-te a paciência.
Porra,
Vai lá vai, mas pq é q essa gente é sempre assim?? Não entendo! Será algum virus no serviço publico de saúde?
Enfim...
Pois é...elas têm um gravador e quando atendem põe a cassete.
E quem está do outro lado do telefone é um incógnito/a que elas querem despachar...
Dá vontade de dizer ao estilo da Maria de Medeiros - Vai á mer....
- com muita classe claro!
Pois é, há gente muito idiota por aí. Infelizmente estão em todo o lado!
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