Ainda ela não ouvia (não?), quando lhe comecei a cantar. Sentia-me bem partilhando com a minha promessa de gente aqueles pedacinhos de infância desafinada. E era mesmo bom. De tal maneira que cinco minutos de duche chegavam para repetir duas e três vezes "A moda da Rita", "A saia da Carolina", "O balão do João", "A tia Anica"... O que a memória não reconstituía o entusiasmo inventava.
Cerrando os olhos para evitar a indisciplina da espuma, passei do canto ao desencanto. O exercício de memória obrigou-me a pensar nas palavras e dei comigo chocada com o gato que tinha levado uma paulada e, lamentavelmente, não tinha morrido; a besta do Sebastião que comia tudo sem colher e, chegando a casa, espancava a mulher; e o disparate da criada que de um rol de sete namorados não gostava de nenhum!...
A noção de pedagogia é ainda muito recente, não é? Tem p'aí quê?... Dois ou três anos, não? Ah! Bom! Muito mais descansada! Portanto... agora já ninguém canta estas coisas, verdade?...
1 comentário:
Ehehe,
Por acaso qdo oiço o Biléu a cantar certas musicas lá da escolinha tb penso isso...
Pensei q fosse só eu!
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