É verdade, Senhor Presidente, só mais uma coisinha antes que me esqueça. Esta noite nem sequer fui à cama!... Não! Nada disso! Ela não teve nada a ver com o serão! Adivinhe lá, Senhor Presidente...
quinta-feira, junho 30, 2005
terça-feira, junho 28, 2005
Neologismos na blogoesfera
É que fico mesmo impressionada com a quantidade de novos termos que surgem todos os dias neste meio! Mais bloguice, menos bloguice, mais blogada, menos blogada, lá se vai blogando a um ritmo tal!!!... Bom, já estou cheia de pena do responsável pelo próximo dicionário da Academia de Ciências de Lisboa!
Des-en-cantar
Ainda ela não ouvia (não?), quando lhe comecei a cantar. Sentia-me bem partilhando com a minha promessa de gente aqueles pedacinhos de infância desafinada. E era mesmo bom. De tal maneira que cinco minutos de duche chegavam para repetir duas e três vezes "A moda da Rita", "A saia da Carolina", "O balão do João", "A tia Anica"... O que a memória não reconstituía o entusiasmo inventava.
Cerrando os olhos para evitar a indisciplina da espuma, passei do canto ao desencanto. O exercício de memória obrigou-me a pensar nas palavras e dei comigo chocada com o gato que tinha levado uma paulada e, lamentavelmente, não tinha morrido; a besta do Sebastião que comia tudo sem colher e, chegando a casa, espancava a mulher; e o disparate da criada que de um rol de sete namorados não gostava de nenhum!...
A noção de pedagogia é ainda muito recente, não é? Tem p'aí quê?... Dois ou três anos, não? Ah! Bom! Muito mais descansada! Portanto... agora já ninguém canta estas coisas, verdade?...
domingo, junho 26, 2005
Gosto tanto...
- Do teu sorriso escondido por trás da chucha, quando não me queres dar muita confiança;
- Daquele teu cheirinho doce em noites transpiradas, agora que chegámos ao pico do calor;
- Do aroma mustela em cada preguinha da tua pele;
- Das conversas sem sentido que eu entendo tão bem;
- Da palavra "mamã", mesmo sendo evidente que só a usas para te queixares;
- Do ar embevecido dos estranhos que te vêem passar na rua;
- Dos braços que estendes se te convido para dez minutos de colinho;
- Dos movimentos frenéticos e eufóricos quando me debruço sobre ti, de manhã-ainda-madrugada, como se cada dia de labuta fosse dia de praia e pic-nic no pinhal...
Beijo, Gôda! Beijo!
sexta-feira, junho 24, 2005
Lá vai uma, lá vão duas, três viroses a voar...
... Uma é minha, outra é do pai e da filha, outra é de quem a apanhar.
E é mesmo assim que elas andam - a voar... Pelo menos a fazer fé nos diagnósticos médicos, que à falta de melhor apontam sempre para o mesmo : VIROSE. Isto é que é uma moda, heim?! Até podem estar cobertos de razão, provavelmente estão, porque afinal de contas uma gripe é uma virose, a varicela é uma virose, a sida é uma virose, a hepatite é uma virose... - na medida em que são doenças que têm como agente infeccioso um vírus. Portanto, se o senhor doutor apontar para a virose, tem 50% de probabilidades de acertar, não é verdade? Deixando de lado os restantes 50% que ficam reservados para a probabilidade de infecção bacteriológica (provocada por uma bactéria). Como até eu, leiga na matéria e moça de letras, sou capaz de entender isto, por que não são mais específicos? Sou obrigada a inclinar-me para uma de duas hipóteses: ou vêem nos doentes ignorantes crónicos a quem não vale a pena explicar nada com grande pormenor; ou vêem-se os médicos, eles próprios, confrontados com a sua ignorância sem saber que diagnóstico fazer e então, por via das dúvidas, generalizam. Se esta segunda hipótese estiver mais próxima da verdade, qualquer dia ainda corremos o risco de sair do hospital com a seguinte informação: "O que a senhora tem é uma doença". Ponto final. Seria a generalização elevada ao seu máximo expoente, o que, convenhamos, reduziria significativamente a margem de erro no diagnóstico, tornando-o muito mais certeiro! Ah! Mas não vamos descartar já a primeira explicação para o fenómeno. Na verdade, eu mesma tenho recolhido alguns indícios de que os senhores da bata branca (ou verde cirúrgico, como está agora na berra e se vê nas séries americanas) olham para nós, pobres ignorantes, e pensam: "Ora bem, com o nome de uma doença e umas drageiazinhas coloridas sais daqui muito mais sossegado... Toma lá: Virose e Trifene 200."
Agora digam-me: não é complicado conformarmo-nos com esta moda? Não estarão os vírus a ficar com as costas demasiado largas? Vamos a acordar, minha gente, porque estes bois (as viroses, entenda-se!) também têm nomes!
quinta-feira, junho 23, 2005
Genética
Pois é... Pois é, não! Pois era! Tão bem educada que estava a Piralhinha, deitando-se às 21h30, sozinha, de porta fechada,em sono solto até de manhã... Agora deu-lhe para se deitar tarde, fica na conversa à mesa, lá vai gargalhando, enfim... nasceu o ser social. Bom, na verdade não teria a quem sair se não gostasse da amena cavaqueira até tarde... Fui traída pela genética!
Brrrr...FFFFFF...Grrrrr...mmmmmm...bububu...papapa...
Tem razão, sim senhor! E quem fala assim não é gago!
Brrrr...FFFFFF...Grrrrr...mmmmmm...bububu...papapa...
Tem razão, sim senhor! E quem fala assim não é gago!
quarta-feira, junho 22, 2005
A Finlândia em Marte
Ouviram?????!!!! Ouviram bem aquilo?????!!!! Belmiro de Azevedo chamou "deseducadores" aos professores e o Senhor Presidente da República, Doutor Jorge Sampaio, insinuou que os "deseducadores" de Belmiro são uns mandriões, porque na Finlândia os docentes passam 5o horas semanais nas escolas!... Que Finlândia, Senhor Presidente???!!!! Pré ou pós revolução industrial??!! É que horários semanais de trabalho com mais de 40 horas só neste pacato e soalheiro cantinho! Que Finlândia, Senhor Presidente? A europeia ou a de Marte??!! É que o vencimento médio do trabalhador europeu está a anos luz das aspirações da maior parte dos assalariados lusos!!! E ainda assim, para que conste, eu , professora acomodada, passei as últimas 10 horas deste meu dia, que ainda não acabou, em serviço de exames, dividido por duas escolas distintas!!! Já agora: sabe quanto tempo levo a corrigir testes de uma turma (quando tenho só 3, mas há quem tenha 7 e mais!!!)??!! 3 HORAS!!! Sabe quanto tempo levo a fazer cada um destes testes??!! 1 hora, no mínimo! Sabe quanto tempo dura, em média, uma reunião do Conselho Pedagógico de uma escola??!! 4 horas!!! Pois é, Senhor Presidente... e, sabe, os meus colegas finlandeses podem cumprir todas estas tarefas na SUA escola (que será sua por muitos anos), num computador que lhes foi individualmente atribuído, em gabinetes devidamente equipados... Eu, a acomodada, não tenho alternativa que não seja vir para casa cumprir a minha componente horária não lectiva, corrigir testes com os brados da minha criança a acompanharem-me o raciocínio e preparar aulas com os meus materiais, porque os das escolas são contadinhos pelas pontas dos dedos!!!
Vai um carolo na testa do Senhor Presidente a ver se acorda?
Que Finlândia, Senhor Presidente???!!!
terça-feira, junho 21, 2005
DELÍRIO FEBRIL (ou tributo a um grande marido)
21h00 - o corpo começa a ceder aos primeiros sinais de gripe, numa espécie de reumatismo generalizado;
22h00 - uma mãe nunca fica doente... mas não dá mais! Cama!
23h00 - gripe em standby: é preciso atender à Pirralha que não consegue respirar, de nariz entupido - a doença segue dentro de momentos, assim que seja possível...
24h00 - OK. De novo doente. Da cama a um forno de pão não vai muito! O calor é insuportável!... E as dores... malditas dores...
01h00 - hora do reforço, porque maleita é maleita, mas a fome não perdoa nem esquece o biberão. Para que lado fica a porta? A cozinha fica já ali? Irra! Lá fica o galo na testa! Mas qu'é isto? É delírio febril, não é verdade? O manjerico não caiu ao chão... Não há terra espalhada num raio de metro e meio!... O balcão não está repleto de garrafas de cerveja e leite - típica combinação de quem delira - como pinos de bowling, prontos a dispersar... O lava loiças não se converteu na torre de Pisa... OK, de biberão na mão repete-se o caminho em sentido inverso. Em piloto automático: glu, glu, glu, glu, glu... woooorrrrr. Direita volver, a gripe continua, na cama.
08h00 - Pois claro! Óbvio delírio febril! Pirralha a rir, esperando pacífica pelo biberão das 8; o manjerico no seu lugar; terra, nem vê-la; a torre de pisa só pode ter tombado de vez e foi pelo ralo; a partida de bowling foi uma limpeza... e as dores? Que dores? Uma mãe lá pode estar doente!!!
22h00 - uma mãe nunca fica doente... mas não dá mais! Cama!
23h00 - gripe em standby: é preciso atender à Pirralha que não consegue respirar, de nariz entupido - a doença segue dentro de momentos, assim que seja possível...
24h00 - OK. De novo doente. Da cama a um forno de pão não vai muito! O calor é insuportável!... E as dores... malditas dores...
01h00 - hora do reforço, porque maleita é maleita, mas a fome não perdoa nem esquece o biberão. Para que lado fica a porta? A cozinha fica já ali? Irra! Lá fica o galo na testa! Mas qu'é isto? É delírio febril, não é verdade? O manjerico não caiu ao chão... Não há terra espalhada num raio de metro e meio!... O balcão não está repleto de garrafas de cerveja e leite - típica combinação de quem delira - como pinos de bowling, prontos a dispersar... O lava loiças não se converteu na torre de Pisa... OK, de biberão na mão repete-se o caminho em sentido inverso. Em piloto automático: glu, glu, glu, glu, glu... woooorrrrr. Direita volver, a gripe continua, na cama.
08h00 - Pois claro! Óbvio delírio febril! Pirralha a rir, esperando pacífica pelo biberão das 8; o manjerico no seu lugar; terra, nem vê-la; a torre de pisa só pode ter tombado de vez e foi pelo ralo; a partida de bowling foi uma limpeza... e as dores? Que dores? Uma mãe lá pode estar doente!!!
domingo, junho 19, 2005
MANIFESTO sem fundamentalismos
... Sem fundamentalismos, nem conversa lírica, porque hoje o assunto exige aquele pragmatismo que não dá espaço ao colorido estilístico das palavras.
Primeiro esclarecimento: Isto não é um babyblog! Compreendo que o leitor mais distraído, apanhado ao primeiro relance pelos "bonecos" (pezinhos pequeninos, fraldas e cadeirinhas de bebé), o considere assim. É o mesmo inconveniente que apresentam os livros ilustrados e é por isso que não gosto deles: condicionam-nos invariavelmente a leitura. Sim, já sei que se impõe a pergunta: "Então... e ilustra o seu blog porquê?". As fotos do meu blog não são ilustrações! São posts que nem sequer ilustram outros posts. Elas valem por si só, são também textos, mas iconográficos, tão passíveis de leitura como os restantes, que se apresentam numa sucessão de caracteres. É por isso que prefiro nem lhes atribuir título ou legenda, para não limitar a sua interpretação. Pronto! Está fundamentado o primeiro esclarecimento.
Segundo esclarecimento: É natural que, como mãe recente, a minha criança domine todo o meu universo racional (e o irracional também!). A questão é incontornável e eu não vou fazer nada para a evitar, muito pelo contrário! Seria até muito compreensível se não controlasse a força deste domínio e, de repente, me desse para mostrar ao mundo o rosto deste conquistador - brincando com as mãozinhas, chorando a vinte minutos da refeição, rindo à gargalhada com as palhaçadas do pai...Que bem ficaria na World Wide Web! Na verdade, só uma réstia de bom senso, que eu julgava perdido neste estado de paixão, pôs freio a este meu impulso. Disse-me assim: "Espera, espera lá... Mas quem é que vai ver isto? Com que intenções?". Mas foram só estas as perguntas que me fez o grilo. Nunca me falou na Lei de Protecção de Crianças e Jovens, nem do tal artigo 4º, alínea b) da dita lei! Pois é... e eu hoje entendo tão bem o sensato insecto!... Ele sabia perfeitamente que o que estava em causa não era o USO ou o ABUSO da imagem de uma criança, que evidentemente tem de ser protegida nos seus direitos! Alguém pode dizer que uma mãe, que mostra orgulhosa a foto que traz na carteira ao primeiro colega de trabalho que lhe aparece pela frente, está a USAR a imagem do filho??!! No entanto, ninguém pode garantir, de pezinhos assentes na terra, as boas intenções do dito colega! E passa pela cabeça de alguém averiguar primeiro se esse gesto babado colide com aquela que será a vontade da criança? Pois... porque a experiência da melhor das mães diz-lhe que, nesta fase, as vontades do bebé são quatro apenas: comer, dormir, explorar o mundo e ser amado! Não obstante, nenhuma mãe precisa que o mundo inteiro saiba como ela ama o seu besnico! Não é por isso que exibe a foto! O que busca é a compreensão condescendente do mundo para a capitulação incondicional! Pensa assim: "Entendem agora, olhando para ele, por que foi que me rendi? Entendem o rio de baba? Estou perdoada pela redundância das histórias que conto?" Nenhuma mãe puxa do papel Kodak na beata intenção de fazer bem ou mal a um filho! Nenhuma mãe pensa ao fazê-lo: "Amo-te tanto que faço contigo o que quero"! Aquele bebé em papel justifica a sua condição de feliz derrotada na batalha dos afectos! Não lhe levem a mal! Depois há os blogs... que acabam por servir este mesmo fim, com outra projecção, a uma escala infinitamente mais vasta. Não estamos a falar da exposição em gigantescos outdoors publicitários, que até trariam bons proventos à menos escrupulosa das mães... e a verdade é que com esses meninos-públicos ninguém se parece preocupar muito. De lado deixo as aberrações da natureza -que também existem, claro!- e nada têm a ver com a esmagadora maioria das mães. Eu, pelo menos, quero acreditar nisso...
Terceiro esclarecimento: É como um desabafo que este post deve ser entendido... um momento de reflexão que se impôs. Não quero de forma alguma que entendam como um ataque às opiniões divergentes da minha. Num tu, Papoila, o deves entender assim. Agradeço-te, aliás, o conflito interior que me proporcionaste e a reflexão a que me obrigaste. Só gostaria de saber se me entendes um bocadinho melhor, agora que já nasceu a tua mini-deusa. De resto, eu nunca censurei publicamente blogs alheios, nem o farei... Posso recomendá-los, desaconselhá-los... Por falar nisso, o Papoila Procria vale a pena.
Primeiro esclarecimento: Isto não é um babyblog! Compreendo que o leitor mais distraído, apanhado ao primeiro relance pelos "bonecos" (pezinhos pequeninos, fraldas e cadeirinhas de bebé), o considere assim. É o mesmo inconveniente que apresentam os livros ilustrados e é por isso que não gosto deles: condicionam-nos invariavelmente a leitura. Sim, já sei que se impõe a pergunta: "Então... e ilustra o seu blog porquê?". As fotos do meu blog não são ilustrações! São posts que nem sequer ilustram outros posts. Elas valem por si só, são também textos, mas iconográficos, tão passíveis de leitura como os restantes, que se apresentam numa sucessão de caracteres. É por isso que prefiro nem lhes atribuir título ou legenda, para não limitar a sua interpretação. Pronto! Está fundamentado o primeiro esclarecimento.
Segundo esclarecimento: É natural que, como mãe recente, a minha criança domine todo o meu universo racional (e o irracional também!). A questão é incontornável e eu não vou fazer nada para a evitar, muito pelo contrário! Seria até muito compreensível se não controlasse a força deste domínio e, de repente, me desse para mostrar ao mundo o rosto deste conquistador - brincando com as mãozinhas, chorando a vinte minutos da refeição, rindo à gargalhada com as palhaçadas do pai...Que bem ficaria na World Wide Web! Na verdade, só uma réstia de bom senso, que eu julgava perdido neste estado de paixão, pôs freio a este meu impulso. Disse-me assim: "Espera, espera lá... Mas quem é que vai ver isto? Com que intenções?". Mas foram só estas as perguntas que me fez o grilo. Nunca me falou na Lei de Protecção de Crianças e Jovens, nem do tal artigo 4º, alínea b) da dita lei! Pois é... e eu hoje entendo tão bem o sensato insecto!... Ele sabia perfeitamente que o que estava em causa não era o USO ou o ABUSO da imagem de uma criança, que evidentemente tem de ser protegida nos seus direitos! Alguém pode dizer que uma mãe, que mostra orgulhosa a foto que traz na carteira ao primeiro colega de trabalho que lhe aparece pela frente, está a USAR a imagem do filho??!! No entanto, ninguém pode garantir, de pezinhos assentes na terra, as boas intenções do dito colega! E passa pela cabeça de alguém averiguar primeiro se esse gesto babado colide com aquela que será a vontade da criança? Pois... porque a experiência da melhor das mães diz-lhe que, nesta fase, as vontades do bebé são quatro apenas: comer, dormir, explorar o mundo e ser amado! Não obstante, nenhuma mãe precisa que o mundo inteiro saiba como ela ama o seu besnico! Não é por isso que exibe a foto! O que busca é a compreensão condescendente do mundo para a capitulação incondicional! Pensa assim: "Entendem agora, olhando para ele, por que foi que me rendi? Entendem o rio de baba? Estou perdoada pela redundância das histórias que conto?" Nenhuma mãe puxa do papel Kodak na beata intenção de fazer bem ou mal a um filho! Nenhuma mãe pensa ao fazê-lo: "Amo-te tanto que faço contigo o que quero"! Aquele bebé em papel justifica a sua condição de feliz derrotada na batalha dos afectos! Não lhe levem a mal! Depois há os blogs... que acabam por servir este mesmo fim, com outra projecção, a uma escala infinitamente mais vasta. Não estamos a falar da exposição em gigantescos outdoors publicitários, que até trariam bons proventos à menos escrupulosa das mães... e a verdade é que com esses meninos-públicos ninguém se parece preocupar muito. De lado deixo as aberrações da natureza -que também existem, claro!- e nada têm a ver com a esmagadora maioria das mães. Eu, pelo menos, quero acreditar nisso...
Terceiro esclarecimento: É como um desabafo que este post deve ser entendido... um momento de reflexão que se impôs. Não quero de forma alguma que entendam como um ataque às opiniões divergentes da minha. Num tu, Papoila, o deves entender assim. Agradeço-te, aliás, o conflito interior que me proporcionaste e a reflexão a que me obrigaste. Só gostaria de saber se me entendes um bocadinho melhor, agora que já nasceu a tua mini-deusa. De resto, eu nunca censurei publicamente blogs alheios, nem o farei... Posso recomendá-los, desaconselhá-los... Por falar nisso, o Papoila Procria vale a pena.
sábado, junho 18, 2005
Matrioska
s.f. (Rus.). Conjunto de bonecas de madeira, com figuras pintadas, que encaixam umas nas outras. Pl. matrioskas.
É o que diz a definição do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa. Não é este o significado que desde ontem atribuo ao termo. Quando olhei para a miúda de barriga já enorme,absolutamente em desacordo com os seus treze anos, vi uma matrioska. Não consegui ver uma mulher grávida... só uma matrioska. Dentro de uma boneca outra boneca. A primeira de ar muito infantil, pintadinha ao jeito do folclore russo, de sorriso cândido. A segunda... sei lá da segunda. Mas alguém quer saber da segunda? Não é verdade que a regra é antiga e sempre igual? Dentro da primeira está uma segunda, que esconde uma terceira, que guarda uma quarta, que contém uma quinta...
MatriosKa, querida Matrioska, tomara que o sorriso nunca esmoreça e que se mantenham assim as tuas cores...
quinta-feira, junho 16, 2005
Cota, eu?!...
Implacáveis. É o que eles são. Se dúvidas houvesse, a resposta do mais rebitesgo seria suficiente para nos fazer tombar.
Foi assim...
- Não, stora, não vou à visita de estudo... o meu cota não deixa.
- O PAAAI! Qual cota!
- 'Tá bem, stora, mas já é cota...
- Então porquê, posso saber?
Parecia que me ensinava uma evidência tão evidente como a do "dois e dois são quatro":
- 'Tão...Já tem p'aí trinta... trinta e... trinta e três, p'aí...
- Trinta e trêêêês?! Cota?!... Então um de quarenta o que é?
- Ah! Stora! Isso é um cota idoso!...N'é?
OK...
Foi assim...
- Não, stora, não vou à visita de estudo... o meu cota não deixa.
- O PAAAI! Qual cota!
- 'Tá bem, stora, mas já é cota...
- Então porquê, posso saber?
Parecia que me ensinava uma evidência tão evidente como a do "dois e dois são quatro":
- 'Tão...Já tem p'aí trinta... trinta e... trinta e três, p'aí...
- Trinta e trêêêês?! Cota?!... Então um de quarenta o que é?
- Ah! Stora! Isso é um cota idoso!...N'é?
OK...
quarta-feira, junho 15, 2005
Os filhos dos outros
Bom... o diálogo, quase monólogo, foi telefónico.
A voz atendeu:
- Centro de Saúde de tal. Diga.
- Boa tarde, minha senhora. Venho marcar a consulta dos 6 meses para a minha bebé...
- Quando veio a última vez? - como quem diz "Vamos ver o que me apetece fazer pelo teu caso".
- A última consulta foi a dos 5 meses, minha senhora...
Aqui vi o meu discurso cortado à faca:
- A DOS 5 MESES NÃO FOI DE CERTEZA! Só há consulta do nascimento, 1 mês, 3...
- Minha senhora, foi a dos 5 meses, porque fiquei em lista de espera. Não havia consultas que dessem com os 3 meses da minha filha...
Silêncio muito breve, a arranjar fôlego para a próxima rajada:
- Venha amanhã - a ordem foi militar.
- Amanhã não posso, minha senhora...
Mais uma facada na minha impertinente diplomacia:
- NÃO PODE???!!! É DA SAÚDE DA SUA FILHA QUE SE TRATA!
- Eu explico, minha senhora...
- NÃO! NÃO É A MIM QUE TEM DE EXPLICAR! A MIM NÃO TEM DE EXPLICAR NADA!
Não tive alternativa. Ou subia o tom de voz, ou jamais lhe cilindrava o discurso. Cresci:
- Não, não, minha senhora! A senhora cumpre o seu papel - espero que bem... - e eu faço questão de cumprir o meu! Passo a explicar: sou professora e estou a preparar alunos de 9º ano para irem a exame nacional. O Ministério da Educação autorizou, a título excepcional, aulas suplementares, já calendarizadas, na tentativa de compensar um início de ano conturbado. Se falto a uma destas oito aulas, os alunos não voltam a beneficiar de qualquer outra forma de apoio antes do dito exame...
De novo à facada, uns decibéis abaixo:
- Bom... se perfere tratar dos filhos dos outros a tratar dos seus...
Filhos dos outros???!!! Ela disse "filhos dos outros"???!!! Não respondi:
- Minha senhora, pode ser que um dia tenha a sorte de serem seus os "filhos dos outros" que tenho a meu cargo...
Pois não... não foi exactamente assim que respondi, mas tenho tanta pena...
A voz atendeu:
- Centro de Saúde de tal. Diga.
- Boa tarde, minha senhora. Venho marcar a consulta dos 6 meses para a minha bebé...
- Quando veio a última vez? - como quem diz "Vamos ver o que me apetece fazer pelo teu caso".
- A última consulta foi a dos 5 meses, minha senhora...
Aqui vi o meu discurso cortado à faca:
- A DOS 5 MESES NÃO FOI DE CERTEZA! Só há consulta do nascimento, 1 mês, 3...
- Minha senhora, foi a dos 5 meses, porque fiquei em lista de espera. Não havia consultas que dessem com os 3 meses da minha filha...
Silêncio muito breve, a arranjar fôlego para a próxima rajada:
- Venha amanhã - a ordem foi militar.
- Amanhã não posso, minha senhora...
Mais uma facada na minha impertinente diplomacia:
- NÃO PODE???!!! É DA SAÚDE DA SUA FILHA QUE SE TRATA!
- Eu explico, minha senhora...
- NÃO! NÃO É A MIM QUE TEM DE EXPLICAR! A MIM NÃO TEM DE EXPLICAR NADA!
Não tive alternativa. Ou subia o tom de voz, ou jamais lhe cilindrava o discurso. Cresci:
- Não, não, minha senhora! A senhora cumpre o seu papel - espero que bem... - e eu faço questão de cumprir o meu! Passo a explicar: sou professora e estou a preparar alunos de 9º ano para irem a exame nacional. O Ministério da Educação autorizou, a título excepcional, aulas suplementares, já calendarizadas, na tentativa de compensar um início de ano conturbado. Se falto a uma destas oito aulas, os alunos não voltam a beneficiar de qualquer outra forma de apoio antes do dito exame...
De novo à facada, uns decibéis abaixo:
- Bom... se perfere tratar dos filhos dos outros a tratar dos seus...
Filhos dos outros???!!! Ela disse "filhos dos outros"???!!! Não respondi:
- Minha senhora, pode ser que um dia tenha a sorte de serem seus os "filhos dos outros" que tenho a meu cargo...
Pois não... não foi exactamente assim que respondi, mas tenho tanta pena...
terça-feira, junho 14, 2005
A fome e a fartura
Mais dia menos dia há-de sentar-se... Mais dia menos dia há-de andar sozinha... Mais dia menos dia há-de dizer-me: "Não te preocupes, mãe! Vai dormir que eu levo a chave...". Tanto também não! Não, tanto não!
Foi este "Tanto não!" que repeti ontem, vezes sem conta, quando reparámos que a Pirralha ficou sem comer oito horas a fio, e nem um ai, nada! Ninguém lhe ouviu uma queixa, ninguém a viu desesperar. Tínhamo-nos esquecido dela e não contámos com um sinal de alarme que fosse. Não é possível! CRESCEU! Já não faz justiça ao cognome "Buzina" - foi o que lhe chamámos desde que nasceu.
Sim, é verdade que desejei que crescesses, naquele calvário das cólicas, que não passavam em posição nenhuma... Sim, enquanto limpava as borrifadelas de sopa de peixe, imaginei-te com seis anos, sem dependeres de mim para comeres à mesa... Mas agora apetece-me pedir-te para ires mais devagarinho... Ainda não me sinto pronta para te dar a chave, filha...
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