Nem tenho por hábito gabar-lhe os feitos. Ninguém soube quando foi que aprendeu as cores, ninguém me viu inchar de orgulho porque sabia contar, ninguém pôs os olhos no mar, no sol e na lua que desenhou pela primeira vez já lá vai um tempo. Mas esta tenho mesmo de badalar:
A minha filha pede desculpa. Sentida, insistente, aflita, com medo de não poder reparar o dano.
Não sei falar do que isto representa para mim, mas asseguro que tem importância máxima, capital, porque, como diz a canção, everybody cries and everybody hurts, sometime... Porque acredito que ela não pediria desculpa se não tivesse já descoberto que o perdão existe. Tantas vezes lhe pedi desculpa... agora sei que me desculpou.
9 comentários:
um dia espero lembrar este post...
:'o)
deixaste-me com as lágrimas nos olhos... beijinhos
:)
Muito bom!
Aplausos de pé para as duas!
Essa miuda vai longe.
(Há quem passe uma vida inteira sem o saber fazer...)
:)
muito, muito bom
:)
O sentimento é o mesmo, quando ouço as mesmas palavras da boca da minha filha!
Li uma vez uma coisa que me deu um abanão.
...Sobre aquela veneta inconstante dos miúdos pequenos ora chatearem-se com o mundo (leia-se:com os pais) e birrarem até à 5ª casa, ora fazerem de novo cara alegre daí a uns segundos, afáveis como se nada tivesse havido.
Nunca percebera a razão desse comportamento, que me incomodava por não saber como lidar com ele.
Como explicação só a "personalidade em crescimento", as "sinapses em afinação", qualquer rótulo que fosse do meu espanto perante aquela falta de coerência (:-|)...
Mas a explicação que li foi simples.
Após uma explosão de frustração e raiva, o mundo calmo e pleno?, a procura do colo e do sorriso?, sim.
Por uma razão: a capacidade colossal infantil para perdoar.
"Perdoar-ME?? Depois de ter sido o Senhor da Paciência? Depois de ter tentado sem sucesso demonstrar a "evidente" razão das coisas? Após o xinfrim em público no local e momento mais inapropriados? Perdoar-ME?..."
Sim. E só.
Ser frágil e inseguro num mundo esmagador não deve ser fácil.
Como não frustrar-se como automatismo?...
Mas o que há de mais certo para nós, adultos, também o há para a mais pequena das crianças: só uma ou duas coisas na vida se podem tomar como certas. E uma delas é o amor.
Vestido ou não com o fato do perdão.
Mesmo um perdão súbito, automático, alógico, desconcertante, impertinente, não será sempre positivo?
Não será sempre de regar para que cresça?
Não poderá ser um dia pilar de uma vida?
Não sabe sempre tão bem saber que se pode ainda ser perdoado?
... :)
(tens uma gaja MUITO "espeta")
Também recordo com um carinho muito especial a primeira vez que a ouvi dizer desculpa, primeiro quando solicitada a tal, e depois espontaneamente.
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