segunda-feira, junho 30, 2008

Aquela conversa dos limites...

É mesmo assim. E eu já nem me lembro do tempo em que julgava impossível dar conta de dois. E dois sem o homem da casa? Até ontem parecia-me olímpico. Afinal... Embora me sinta como um condenado, fincando marcas a canivete, na parede da cela.

Tell me lies

São as únicas mentiras que me provocam rebates de consciência - as piedosas. As outras não me dão que pensar, nem que fazer - não as uso, ponto final.

Desta vez o mal estar assolou-me por via de um monossílabo : «Sim». Foi tudo o que tive de dizer para ficar mal comigo própria - «Sim.»

Perguntou-me:

- Mamã, quando eu nasci, também fiquei assim ao teu colo toda a noite, como o mano, com a cabecinha suja, depois do pai cortar o cordãozinho, não foi?

Não tive alternativa, porque a minha filha não merece esta verdade. O meu «sim» mentiroso fê-la crer na verdade que gostaria de ter guardado também para ela. Sorriu-me, reconfortada, e a minha consciência fez soar uma segunda bofetada.

If I could turn the page in time
then I'd rearrange just a day or two
Close my, close my, close my eyes.

quinta-feira, junho 26, 2008

Porque a História nem sempre se repete...

E esta não volta a repetir-se com toda a certeza.

Adeus, até nunca mais, ó corredores, ó prateleiras, ó cartapácios de folhetos promocionais, ó meninas de touca, na charcutaria, ó senha branca, azul ou cor-de-rosa, ó criancinha perdida, de nome gritado aos microfones, ó filas nas caixas (mesmo que em self check out)!...

Olá, tempo resgatado! Olá, poupança em tralha supérflua! Olá, moços genuinamente simpáticos, que me descarregam compras directamente na cozinha! Ao segundo filho, eis que se rende uma mãe, dona de casa, autora de uns quantos blogs abandonados, vegetando. Sejam bem-vindos! Fiquei fã. Serviço *****.

terça-feira, junho 10, 2008

domingo, junho 01, 2008

Como na vida

O momento era enorme, o espaço também. O espaço era, aliás, demasiado grande para o momento: o seu primeiro sarau de ginástica. Pelo caminho, sem lhe querer azedar a alegria, rasgada naquela boca de palhaço e iluminada pelo verde do seu cabelo, fui prevenindo:

- Queridinha, os papás estão lá, vão estar sempre lá, mesmo que não nos vejas. Podes não nos ver, mas estamos sempre lá, a bater muitas palmas e a fazer-te adeus, sim?

No final estava francamente perturbada, porque não nos viu no meio da multidão, apinhada no pavilhão gimnodesportivo... Não acreditou na garantia que lhe dei? Esqueceu-a? A verdade é que não se pode exigir tamanha fé a um corpo tão pequeno. Há que ver para crer.

Acredita. Não esqueças. Podes não me ver, mas estarei sempre lá.

Segundo filho

Finalmente entendemos a linha do horizonte como mera ilusão de óptica. Os limites, afinal, não existem.