Verde, mas pouco...

Não! De hoje não passa! Tenho mesmo de converter a minha revolta em post, depois dos croquetes da noite passada.

Estava eu mole como uma lesma, depois de uma passagem pela praia num final de tarde magnífico, quando me deu para os fritos. O jantar queria-se simples e rápido, com recurso exclusivo a utensílios que pudessem ir à máquina, sem deixar qualquer vestígio para o pequeno almoço de domingo. Em 15 minutos estava tudo pronto: croquetes e arroz branco (também feito a pensar no dia seguinte). Enquanto rodavam as sopas no micro-ondas, fiquei de olhar perdido naquela imundice de óleo ainda a ferver com pão ralado assente no fundo. Por instantes pensei assim: se vivesse num país realmente civilizado, agora este óleo seria recolhido, devidamente tratado e, sendo certo que não voltaria a ser girassol, pelo menos teria um fim bem mais ecológico que a mistura com águas residuais numa qualquer ETAR fedorenta. Ainda bem que inadvertidamente dei com a cabeça no exaustor, foi da maneira que acordei mais depressa! Ó querida! Reciclagem de óleos alimentares? Não estamos na Europa, Europa a sério! Neste Portugal dos muito pequeninos, as embalagens de manteiga têm o símbolo do ponto verde, as de óleo também, as dos iogurtes idem, as do Ketchup aspas, mas nada é aceite para reciclagem! Não as deixem nos ecopontos porque eles não as querem! A Valor Sul já me enviou para casa uns avisos disfarçados de listas de compras (que simpáticos!) explicando que nem sequer as embalagens de arroz ou esparguete devem ser deixadas nos ecopontos!!! Porquê?! Os ditos pacotes nem sequer têm resíduos de gordura! Qual é a desculpa?! Mas que diabo de empresas de reciclagem são estas???!!! Os processos de triagem de detritos já estão a dar demasiado trabalho, é?! A reciclagem de pacotes de leite já lhes dá lucro suficiente?! Sim, meus amigos, porque isto da reciclagem dá muito dinheiro a ganhar, sabiam? Nós separamos os nossos desperdícios em casa por consciência ecológica, mas quem os recebe pauta-se por critérios bem menos verdes!

Pi, pi, pi, pi... As sopas estavam quentes e os croquetes não podiam esperar. O Óleo acabou de ir pelo cano abaixo, num domingo que se queria sem vestígios de imundice.