terça-feira, julho 10, 2007

Casei com um ateu, graças a Deus.

Tenho tanta pena que a hierarquia da minha Igreja insista em passar a imagem de que a virtude e a nobreza de valores está toda do lado de cá, ainda que o discurso oficial, o politicamente correcto, afirme o contrário. O lado de lá não passa da massa passível de conversão, o lado errado, o que devemos tolerar, até que a luz os ilumine. Tenho pena. Tenho pena de não ter senão isto para mostrar ao meu ateu. Quando casámos ainda alimentava a esperança de poder vir a ser, eu própria, exemplo da minha Igreja... mas quando olho para trás não sei sequer se tenho estado à altura do desafio. Ele sim, tem sido para mim um exemplo, uma lição.

Tudo isto à luz do acordo tácito que nos rege: eu nunca tentarei convertê-lo; ele nunca tentará demover-me da minha fé.

9 comentários:

Jolie disse...

Lá em casa, passa-se o mesmo, mas ao contrário :)

beijinhos

Rita disse...

por aqui, ele conseguiu me converter... e ainda bem;)

Licas disse...

Por cá é igualzinho... E com a filhota, como fazem?

Raquel disse...

Não sei qual é a tua religião (não sou católica), mas acreditamos concerteza no mesmo Deus.
O meu não é ateu, mas é um Tomé. Não sei qual será mais difícil de converter.
Também não tentamos converter-nos um ao outro, embora, claro, eu secretamente anseie que ele, com o tempo, se sinta atraído pelas minhas convicções e princípios.
Até agora, com muito respeito e compreensão, vivemos em harmonia.
Os filhos vão comigo à igreja todos os sábados. Ele não se opõe.
Um dia, também eles optarão sozinhos o caminho a seguir.

Beijoca

AnaBond disse...

o amor é assim mesmo. há que saber respeitar.

(sou igual a ele)

Avozinha disse...

Virtude e nobreza de valores há-os em todo o lado e em lado nenhum! Mas Deus mostrou o Seu amor e compaixão pela nossa ausência delas e Ele é tudo em todos.

LP disse...

Aqui é ao contrário.

Pedro_Nunes_no_Mundo disse...

Compreendo-te bem.

São muitas as vezes em que me entristece a estranha forma que alguns têm de pregar o amor.

...Mas não caias no erro de suportar sobre as tuas costas ou sequer sobre as costas da tua própria fé as graves falhas de uma Igreja de homens. De uma ecclesia - uma assembleia.

É uma das maiores injustiças de uma modernidade ateia a culpabilização pessoal de cada cristão por essa carga de erros do mundo.
Quando, curiosamente, ser ateu significa ser independente para responder só por si, sob o signo do livre pensamento individual.

Acontece que também eu sou livre.
Também eu penso por mim.
Também eu me situo perante a minha fé de acordo com os meus princípios, de que não abdico.
...Acabe amanhã a convenção chamada "Igreja Católica".

Igreja e fé cristã só coincidem naturalmente na medida em que a primeira não se permita afastar-se desbragadamente da segunda.
Que dela não depende, porque dificilmente se pode pretender que dela decorra.

Cá em casa também somos do Benfica e do Sporting...

O que interessa é o valor que damos aos pequenos milagres. Como o vosso. :)

O resto é nada.

Miúda disse...

O que gostei do comentário anterior.
Lá em casa é parecido, quer a minha postura á tua (a tão comum decepção pela igreja católica dos homens) e o facto de por ele ser ateu não ficar nada aquém em valores.
Mas a esperança de ele um dia se "converter" resiste, ainda que não pregue lá por casa.