Passei-me. Passei-me para o lado de lá e gostei da experiência. Cheguei há duas horas e meia da minha primeira reunião de pais. Bom, não foi exactamente a primeira, feitas as contas foi a... enésima. Já não sei em quantas vou, já não sei quantas fiz, mas do outro lado, como directora de turma. Como mãe, é novidade. Não foi só a reunião propriamente dita que me deixou na expectativa. Foi a sua preparação, com quinze dias de antecedência, que me deixou expectante. Tivemos o cuidado de compatibilizar agendas, nada de reuniões paralelas, nada de jantares de negócios, nada de maratonas de trabalho inadiável. Ficou combinado: a mãe passaria no colégio por volta das 17h00 para ir buscar a Pirralhita; o pai estaria já a caminho de casa para ficar com ela a partir das 18h00; por volta das 19h30 dar-lhe-ia banho e às 20h00 estariam já os dois debruçados sobre o jantar (o dela, claro!). A mãe, entretanto, teria retornado ao colégio às 18h30 para a reunião. Assim foi.
O que contava trazer daquela reunião eu não sabia bem. Sabia o que não queria, isso sim. Sabia que não queria ser uma mãe chata, melga, daquelas que questionam tudo e mais alguma coisa e que implicam com a professora porque deixou o menino apanhar sol e malham na direcção do colégio porque nunca levam a criança a ver a chuva, o que é tão importante e pedagógico. Enfim, preocupações de quem sabe muito bem o que é estar do outro lado e apanhar com postais difíceis.
A reunião começou. Eu, com alguma tristeza, confesso, via chegar um ou outro casal - também eu gostaria de ali estar com o meu par, mas há alturas assim, em que o singular tem mesmo de passar por plural, porque o par só faz sentido separado. Conformei-me. Só não me conformo com a ausência, a quantidade de crianças que não tinha ali representação. Escandaloso! Onde estavam os pais de tantos meninos?! Por que éramos tão poucos?! E eu ainda me queixo dos que não comparecem às minhas reuniões! Estes são, à partida, meninos privilegiados, meninos de colégio, mas ninguém diria! Que os outros pais se demitam eu ainda posso tentar entender, mas estes?!...
Pimba! Já levei um carolo a ver se acordo! Que mania tenho eu de me armar em mãezinha da humanidade! Voltando ao que me diz respeito: a reunião correu bem, adorei ver o primeiro trabalho da minha Pirralhita (a impressão a tinta de uma mãozinha minúscula, num cartaz colectivo), achei uma graça o cabide dela, com uma bonequinha que a representava (loira de olhinhos azuis como ela própria) e não pude deixar de responder com um sorriso ao cognome que lhe atribuíram: Pirralhita, a sensível - porque ninguém lhe pode levantar a voz, dar-lhe um empurrãozinho mais forte, ou apontar-lhe o dedo ao nariz, sem que caia o Carmo e a Trindade, em violento pranto. Encontrei a cereja deste bolo em casa: pai e filha em paz absoluta, ela cheirosíssima, barriguinha cheia, em pacata animação, sem grandes alaridos, como convém naqueles instantes que antecedem a hora de dormir. Boa noite. Até amanhã.