quinta-feira, dezembro 06, 2007

Ela e Sophia. Sophia e Ela.

Lembro-me de ter passado por longos tempos de perturbação, aquando da morte de Sophia. Nesse mesmo ano nasceria Ela. E o inconformismo durou tanto tempo, que, dois anos depois, quando Ela agitou no ar uma folha rabiscada, gritando "Olha, mamã! É o mar!", a surpesa condicionada acendeu-me no pensamento um "Ah! Sophia! É o mar de Sophia! É a Menina do Mar!" Pois... Podia lá ser! Ela nunca lera Sophia. Eu nunca Lhe lera A Menina do Mar. Mas estava tudo lá - achava eu. De tal forma que tratei de colar as palavras ao desenho, a ver se a coisa convencia os mais cépticos, se lhes entrava pelos olhos dentro aquilo que eu estava a ver. Assim:



Meninas do Mar_0001
Colocado por dia-a-dia


Hoje fui buscá-Las, às duas. Não tropecei nelas. Fui buscá-Las. Em boa verdade, era a Ela que procurava. Novos receios fazem-me procurá-La, trazê-La até mim, puxá-La contra o meu peito. Na busca daquele desenho dei então com Sophia, porque ambas se haviam juntado há um ano atrás. E gostei tanto de as ver juntas! Para mim, foi feliz a hora em que me lembrei, precisei, de as misturar.



Texto: Sophia de Mello Breyner Andresen, excertos d'A Menina do Mar.
Desenho: Rita, a querida filha desta mãe.
Música: Madredeus, As Ilhas dos Açores.

3 comentários:

Alecrim disse...

Tão bonito e tranquilizante!...

CGM disse...

Gostei tanto. Tão simples.

Paula disse...

Arrepiante...