quarta-feira, dezembro 28, 2005

O filme que não quero para mim

Quero mesmo falar do meu Natal e do Natal de toda a gente. Mas antes não resisto. Vamos a sentar, meus senhores e minhas senhoras, porque o filme merece. Se não tivessem de ler a cena que me preparo para descrever, até vos pedia que fechassem bem os olhos para que a pudessem imaginar melhor.

Estou na secção de roupa interior masculina, num qualquer hipermercado nos arrabaldes de Lisboa. Sinto-me uma grua, arrastando penosa mas ligeiramente o carrinho de compras. Vejo-me na obrigação de desbravar caminho por entre um grupo de cavalheiros que resolveram entupir a circulação num raio de cinco metros, e estariam certamente à espera que lhes pedisse, por favor, para me deixarem passar - não o faço. Há qualquer coisa de comum naquelas fisionomias. Sim, são obviamente familiares em alegre passeio excursionista. Quando consigo finalmente vislumbrar uns boxers pendurados, tenho ainda de reclamar terreno à matriarca do grupo que, muito senhora do seu papel, debita ali mesmo a tese da "Boa Cueca", aos gritos, como se fosse ela própria candidata às próximas presidenciais, na tentativa de persuadir o eleitorado - no caso, o filhinho de trinta e tal anos, que acena que sim com a cabecita, qual cachorrinho dependurado do pára-brisas de um 2 cavalos. Eloquente, vai bradando:

- Vês? Estas é que são boas!

- Mas esse tamahno é grande...Depois alargam muito- arrisca o desgraçadito a medo.

- Isso do tamanho é como quiseres. É pormenor- condescende ela.

- Mas são feias- desdenhava ele do padrão Picasso em tons de La Prada.

- Ó filho, isso não interessa! Não é para ninguém ver! É só para ti!

Oração do dia:

Senhor, ajuda-me a escapar à ingenuidade quando a minha filha crescer.
Senhor, ajuda-me a aceitar que ela cresceu.
Senhor, dá-me coragem para a ir libertando.
Senhor, faz-me cair uma telha sobre a cabeça, se não entender um dia que a roupa interior dela não é da minha conta, embora este já não seja um assunto que só a ela diz respeito.

Anacronismo descarado

FELIZ NATAL!!!

Justificação de faltas

O 1º período, este ano lectivo, terminou da seguinte forma: alvorada às 6h00 da madrugada, para fazer o almoço à miúda, porque o estupor do grilo que me usurpou a consciência não permite que ela fique com a comidinha da creche. Saída de casa às 7h30 da manhã, sem ver a minha filha – não fosse ela acordar e comprometer o duche do pai daí a dez minutos. Regresso a casa às 8h00 da noite, ainda a tempo de a ver fechar os olhos antes de ir para a cama....

Justificam-me as faltas assim mesmo, ou não dispensam o atestado médico?

Nota absolutamente a propósito: ODEIO A SENHORA MINISTRA!!!!!

Schhhhhhhhhhhhhhhui...

Deixa-me cá entrar de mansinho, acariciando as teclas sem grande alarido, a ver se ninguém repara nesta desavergonhada que nunca mais passou cartão à malta, nem sequer pelo Natal... Com um pouquinho de sorte ainda consigo editar e publicar o próximo post sem que tenham tempo de comentar este, para poder dizer: “Já cá voltei há imenso tempo, vocês é que não repararam!...”

quinta-feira, dezembro 08, 2005

39.7 Cº

Sempre disse que morreria se algum dia visse semelhante combinação de algarismos no display do termómetro dela. Não morri. Reagi. Insisti e confiei na sua capacidade de recuperação sem antibióticos, eu e o pediatra. Ganhámos a aposta. Ela ganhou uma guerra que me pareceu bem mais longa que a dos 100 anos. Boa, miúda!