O dia era “Mundial da Mulher”, consta. Foi no domingo, 8 de Março último, que uma mulher, portuguesa, por sinal, se sagrou vice-campeã europeia dos 3000 metros em pista coberta, na cidade de Turim, Itália. O feito passou quase em branco. É normal.
Esta mulher contava ontem, aos microfones da TSF, que, para além de atleta de alta competição, é carcereira ou, se quisermos pintar a coisa em tons mais suaves, guarda prisional. Confirmou ainda que tinha sido em tempos professora de Educação Física, por força da licenciatura que a habilita nesta área. Era professora. Foi, em tempos. Já não é. Dizia a nossa vice-campeã que deixou o ensino por desgaste. Reparem bem: a mulher é, actualmente, CARCEREIRA e ATLETA DE ALTA COMPETIÇÃO - em simultâneo! - mas enterrou o professorado por desgaste...
Não sei se alcançam o significado destas palavras... Não sei... tenho, aliás, sérias dúvidas que o entendam... O meu marido entende, os meus filhos também, bem como os meus melhores amigos. Eles sabem, porque me vêem repartindo braços, colo, pensamento, força e amor todos os dias. Toda eu me reparto, até à exaustão, todos os dias, entre família, amigos e alunos. Eu disse “ALUNOS”. Não disse carreira profissional. Ninguém, a não ser um professor como eu, sabe o que isto quer dizer. E ainda que o novo modelo de avaliação nos venha um dia a reconhecer como bons, muito bons ou excelentes professores, ninguém, de facto, nos reconhecerá o mérito. E é isto que me custa. Não me choca nada a progressão na carreira congelada, nem outros constrangimentos profissionais do género. O que me custa é a falta de reconhecimento social. O que me custa é o apedrejamento de uma classe por parte de homens e mulheres que sabem o que é ter filhos a cargo, embora apenas ao sábado e ao domingo. O que me custa é aceitar que alguém fez desta profissão um sacerdócio, sujeito a voto de exclusividade, sem nos perguntar nada, sem querer saber se estávamos na disposição de roubar a nós próprios e aos nossos, para benefício dos filhos dos outros. Porque “os filhos dos outros”, ao que parece, são verdadeiramente desgastantes, muito mais que quilómetros e quilómetros de pista coberta; muito mais que um cárcere pejado de reclusos... Mas foi esta a profissão que escolhi, que AMO verdadeiramente, sem o fito nos louros que, eu sei, nunca virão. Mas, por favor, deponham as pedras, sim?
Fica o nome: Sara Moreira.
Esta mulher contava ontem, aos microfones da TSF, que, para além de atleta de alta competição, é carcereira ou, se quisermos pintar a coisa em tons mais suaves, guarda prisional. Confirmou ainda que tinha sido em tempos professora de Educação Física, por força da licenciatura que a habilita nesta área. Era professora. Foi, em tempos. Já não é. Dizia a nossa vice-campeã que deixou o ensino por desgaste. Reparem bem: a mulher é, actualmente, CARCEREIRA e ATLETA DE ALTA COMPETIÇÃO - em simultâneo! - mas enterrou o professorado por desgaste...
Não sei se alcançam o significado destas palavras... Não sei... tenho, aliás, sérias dúvidas que o entendam... O meu marido entende, os meus filhos também, bem como os meus melhores amigos. Eles sabem, porque me vêem repartindo braços, colo, pensamento, força e amor todos os dias. Toda eu me reparto, até à exaustão, todos os dias, entre família, amigos e alunos. Eu disse “ALUNOS”. Não disse carreira profissional. Ninguém, a não ser um professor como eu, sabe o que isto quer dizer. E ainda que o novo modelo de avaliação nos venha um dia a reconhecer como bons, muito bons ou excelentes professores, ninguém, de facto, nos reconhecerá o mérito. E é isto que me custa. Não me choca nada a progressão na carreira congelada, nem outros constrangimentos profissionais do género. O que me custa é a falta de reconhecimento social. O que me custa é o apedrejamento de uma classe por parte de homens e mulheres que sabem o que é ter filhos a cargo, embora apenas ao sábado e ao domingo. O que me custa é aceitar que alguém fez desta profissão um sacerdócio, sujeito a voto de exclusividade, sem nos perguntar nada, sem querer saber se estávamos na disposição de roubar a nós próprios e aos nossos, para benefício dos filhos dos outros. Porque “os filhos dos outros”, ao que parece, são verdadeiramente desgastantes, muito mais que quilómetros e quilómetros de pista coberta; muito mais que um cárcere pejado de reclusos... Mas foi esta a profissão que escolhi, que AMO verdadeiramente, sem o fito nos louros que, eu sei, nunca virão. Mas, por favor, deponham as pedras, sim?
Fica o nome: Sara Moreira.